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Revista Científica da Ordem dos Médicos
Introdução: O período neonatal precoce é o mais crítico para a vida do recém-nascido. A autópsia é importante para compreender acausa de morte e conhecer outros diagnósticos não identificados clinicamente. No entanto, a taxa de autópsia neonatal está a diminuir em todo o mundo. Este estudo pretende caracterizar a morte neonatal precoce e a importância clínica da autópsia, avaliando a concordância entre o diagnóstico clínico e o anatomopatológico.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo dos processos clínicos de todos recém-nascidos admitidos numa unidade de Cuidados
Intensivos Neonatais de nível III em Portugal e que faleceram durante a primeira semana de vida em 10 anos consecutivos (2008 - 2017). Para classificar a concordância encontrada entre os diagnósticos clínicos e anatomopatológicos foi usada a classificação de Goldman modificada.
Resultados: Na primeira semana de vida faleceram 76 recém-nascidos. As principais causas de morte foram complicações relacionadas com prematuridade e anomalias congénitas. A autópsia foi realizada em 50 (65,8%) recém-nascidos. Achados adicionais foram encontrados em 62% dos casos, sendo em 12% achados com implicações importantes no aconselhamento genético de futuras gestações. A concordância entre os achados clínicos e anatomopatológicos foi de 38% dos casos.
Discussão: A autópsia foi realizada com maior frequência em recém-nascidos com maior idade gestacional. O número de diagnósticos adicionais encontrados na autópsia, incluindo diagnósticos com implicações para aconselhamento genético, confirmam a importância da sua realização.
Conclusão: A autópsia deve ser proposta a todos os pais após a morte neonatal precoce, dada a sua importância no esclarecimento da causa de morte.