REDES SOCIAIS
Revista Científica da Ordem dos Médicos
Na perturbação obsessivo-compulsiva as obsessões pedofílicas - pensamentos intrusivos sobre ser sexualmente excitado, ou abusar sexualmente, de crianças - estão entre os mais angustiantes para os doentes e os mais incorretamente diagnosticados pelos profissionais de saúde. O nosso objetivo é apresentar um caso clínico destacando o papel que o estigma tem no atraso do início do tratamento e os desafios clínicos que se verificam em relação ao diagnóstico e ao tratamento desta perturbação, de modo a colmatar a falta de literatura sobre o assunto. O caso é relativo a um homem de 33 anos, com ideação suicida associada ao sofrimento insuportável causado pelas obsessões sexuais pedofílicas que tinha desde há uma década, sem nunca ter recorrido a um profissional de saúde. Esta situação teve muito impacto no seu funcionamento deixando-o maioritariamente isolado no seu quarto. Após o diagnóstico diferencial, implementou-se o projeto terapêutico combinando tratamento farmacológico e psicoterapia cognitivo-comportamental. Após 18 meses o doente apresentou uma melhoria significativa permitindo-o concorrer a um emprego.