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Revista Científica da Ordem dos Médicos
A coagulopatia associada à COVID-19 é uma disfunção associada à infeção SARS-CoV-2 grave, caraterizada por aumento significativo do fibrinogénio, D-dímeros e Proteína C reativa, e por valores normais/muito pouco alterados do tempo de protrombina, tempo de tromboplastina parcial ativado, e número de plaquetas. A hipercoagulabilidade e a hipofibrinólise coexistem e são detetadas por testes viscoelásticos. Quando associadas à imobilização e aos fatores de risco intrínsecos do doente (idade, obesidade, comorbilidades, drogas) potenciam eventos tromboembólicos, apesar da tromboprofilaxia. Os pulmões são o órgão inicialmente e mais gravemente afetado. Até à data, a maioria dos doentes apresentou hipercoagulabilidade nos testes viscoelásticos, não detetada pelos testes de coagulação de rotina, e foi reportada uma elevada taxa de eventos trombóticos, sugerindo que esta deveria ser considerada uma das causas de deterioração clínica, não só em cuidados intensivos. Na coagulopatia associada à COVID-19 avançada, o número de plaquetas e o fibrinogénio podem diminuir significativamente, dependendo da gravidade clínica da infeção, assemelhando-se o quadro a uma coagulopatia de consumo. Nesta fase pode haver hemorragia, especialmente se o doente estiver sob extracorporeal membrane oxygenation. Os testes viscoelásticos afiguram-se muito úteis para avaliar a hipercoagulabilidade e a hipofibrinólise em doentes críticos SARS-CoV-2 com coagulopatia associada à COVID-19, parecendo também promissores para a gestão da anticoagulação. No entanto, é necessária mais investigação para determinar se testes viscoelásticos alterados, individualmente ou quando combinadoscom outros resultados clínicos/laboratoriais, podem identificar os doentes com risco trombótico acrescido. Estão a emergir rapidamente ensaios clínicos para avaliação da hipercoagulabilidade por testes viscoelásticos e da necessidade de personalização da anticoagulação em doentes SARS-CoV-2.