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Revista Científica da Ordem dos Médicos
Introdução: A esclerose múltipla de início em idade pediátrica pode contrastar com a esclerose múltipla de início na idade adulta, em termos de atividade da doença. Pretendemos determinar características diferenciadoras entre esclerose múltipla de início em idade pediátrica e esclerose múltipla de início na idade adulta ao diagnóstico e um ano após o início de terapêuticas modificadoras da doença e analisar o atingimento do estado de “Ausência de Evidência de Atividade de Doença”.
Material e Métodos: Analisámos as características demográficas, laboratoriais, clínicas e imagiológicas de doentes com esclerose múltipla surto-remissão diagnosticados no nosso centro, segundo os critérios de McDonald 2010, com ≥ 1 ano sob terapêuticas modificadoras de doença e com ressonâncias magnéticas disponíveis no diagnóstico e um ano após o início de terapêuticas modificadoras da doença. Os doentes foram emparelhados de acordo com o género e terapêuticas em uso. O estado de “Ausência de Evidência de Atividade de Doença” foi avaliado e as diferenças estudadas.
Resultados: Quinze doentes com esclerose múltipla de início em idade pediátrica (≥ 8 e < 18 anos de idade) e 15 com esclerose múltipla de início na idade adulta (≥ 18 e < 55 anos de idade) foram recrutados para este estudo. Encontrámos uma diferença estatisticamente significativa no número de lesões difusas/com bordos mal definidos ponderadas em T2 (p = 0,015). A pontuação média da escala expandida de incapacidade após um ano sob a respetiva terapêutica modificadora de doença foi menor no grupo esclerose múltipla de início em idade pediátrica (1,6 ± 0,8) em comparação com o grupo esclerose múltipla de início na idade adulta (2,3 ± 0,8; p = 0,032). Ainda assim, não se encontraram diferenças relativamente à percentagem de casos alcançando “Ausência de Evidência de Atividade de Doença” em ambos os grupos.
Discussão: Apesar de existir uma impressão empírica sobre uma diferença de atividade inflamatória entre a esclerose múltipla de início em idade pediátrica e a esclerose múltipla de início na idade adulta, não foi possível corroborá-la no nosso estudo. De qualquer modo, esta foi uma análise exploratória e retrospetiva de uma amostra pequena de doentes, em que identificámos as variáveis em que tais diferenças parecem ser mais importantes.
Conclusão: Estudos alargados de crianças, adolescentes e adultos com esclerose múltipla serão necessários para categorizar as diferenças clínicas e radiológicas que permitam identificar biomarcadores de resposta a fármacos, em fases precoces da doença.