Distribuição de Género em Cargos de Liderança na Área Médica em Portugal: O Exemplo das Candidaturas aos Órgãos da Ordem dos Médicos 2017-2019

Introdução: A igualdade de género constitui um dos objetivos de desenvolvimento sustentável. Uma manifestação de desigualdade de género é a baixa participação de mulheres em cargos de liderança. Em Portugal, são escassos os estudos sobre a desigualdade de género na liderança na área médica. Assim, o presente trabalho pretendeu analisar a distribuição de género em candidaturas aos órgãos regionais da Ordem dos Médicos.
Material e Métodos: Foram extraídos da Revista da Ordem dos Médicos (número 175) os dados dos candidatos aos órgãos regionais da Ordem dos Médicos (mandato de 2017 - 2019). Obtiveram-se as percentagens de mulheres candidatas, globalmente, por lista, regiões e cargos. Calcularam-se razões observado-versus-esperado por secção regional e intervalos de confiança a 95% assumindo uma distribuição de Poisson. Foi realizada análise de sensibilidade, excluindo os candidatos a suplentes.
Resultados: Trinta e sete por cento dos candidatos eram médicas (variação por região: 29% - 51%). A nível nacional a razão observado-versus-esperado foi de 0,74 (intervalo confiança a 95%: 0,58; 0,92), principalmente influenciada pela razão da região Sul de 0,58 (intervalo confiança a 95%: 0,41; 0,80). Existiu uma predominância de mulheres nas candidaturas para suplentes e secretário (56% e 54% respetivamente).
Discussão: A diferença entre géneros é particularmente acentuada na região Sul, na frequência e tipo de cargos a que se candidatam. As razões apontadas na literatura relacionam-se com a maternidade, o papel social da mulher e perceções sobre o desempenho dos cargos de lideraça. Este estudo é limitado à análise de um tipo de liderança e um momento eleitoral, sendo necessárias análises mais abrangentes.
Conclusão: Houve menor participação do que o expectável por parte das médicas no processo eleitoral da Ordem dos Médicos. Quando participam, as mulheres tendem a fazê-lo em cargos de menor relevância ou com menos potencial para eleição (secretário ou suplente). É necessário aprofundar o estudo e introduzir medidas de combate à desigualdade de género em cargos de liderança.

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