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Revista Científica da Ordem dos Médicos
Introdução: A utilização de substâncias sujeitas a receita médica para fins de aprimoramento cognitivo em contexto académico tem sido reportada em diversos estudos. Contudo, a prevalência destes consumos na comunidade de estudantes universitários portugueses é desconhecida. Neste sentido, pretendemos analisar as estratégias de aprimoramento cognitivo utilizadas por estudantes de Medicina portugueses, identificando a sua prevalência e os contextos académicos mais associados a estes consumos.
Material e Métodos: Um questionário online relativo à adoção de estratégias de aprimoramento cognitivo foi preenchido por 1156 participantes: estudantes de medicina (grupo 1) e médicos recém-graduados a estudar para a Prova Nacional de Seriação (grupo 2).
Resultados: O café foi a substância mais frequentemente utilizada para fins de aprimoramento cognitivo nos dois grupos. A utilização de medicamentos sujeitos a receita médica para aprimoramento cognitivo revelou-se mais baixa nos participantes pré-graduados (5%), tendo sido três vezes mais elevada nos participantes em preparação para a Prova Nacional de Seriação (14%). O metilfenidato (35%) e o modafinil (10%) foram as substâncias sujeitas a receita médica mais utilizadas. O melhoramento da capacidade de concentração (83%) e de memória (44%) foram os principais objetivos citados para justificar a utilização destas substâncias, as quais foram obtidas por prescrição médica em 54% dos casos.
Discussão: Os resultados deste estudo revelam uma utilização percentualmente baixa de neurofármacos. Os participantes da Prova Nacional de Seriação apresentaram taxas de consumo superiores em praticamente todas as substâncias estudadas, o que poderá ser explicado pelo desejo dos participantes em potenciar certas capacidades cognitivas determinantes de sucesso académico, bem como pelo papel crucial da Prova Nacional de Seriação na definição da futura carreira médica em Portugal.
Conclusão: Os estudantes de medicina e jovens médicos são os prescritores do futuro. Ao estudar o seu padrão de consumo medicamentoso, este estudo mostra-se relevante para a Saúde Pública e Educação Médica, estimulando um debate público sobre as questões éticas e médicas relativas à utilização destas substâncias em contexto off-label para fins de aprimoramento cognitivo.
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