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Revista Científica da Ordem dos Médicos
Introdução: A hemorragia pós-parto mantém-se como uma das principais causas de morte materna a nível global. A ocitocina é o uterotónico de eleição na profilaxia desta complicação. Contudo, a sua utilização em locais com recursos limitados associa-se a constrangimentos de foro clínico, político, económico e cultural. O objetivo deste artigo é rever o uso da ocitocina na profilaxia da hemorragia pós-parto em locais com recursos limitados.
Material e Métodos: Foi efetuada uma revisão da literatura sobre o tema, selecionando-se 24 artigos.
Resultados: A informação foi organizada em sete secções: a avaliação da eficácia da ocitocina relativamente a outros uterotónicos, a utilização da ocitocina em partos domiciliários, a capacitação dos profissionais de saúde, a qualidade da ocitocina disponibilizada nestes locais, as novas formulações, os riscos inerentes à utilização de uterotónicos e as políticas de saúde adotadas.
Discussão: Apesar dos progressos alcançados, verificámos que o acesso à profilaxia da hemorragia pós-parto com ocitocina em locais com recursos limitados está aquém do desejável. As principais dificuldades encontradas foram o défice de profissionais de saúde qualificados na administração da ocitocina, as deficiências na qualidade do fármaco e a desadequação das normas de orientação clínica existentes.
Conclusão: Para reduzir a mortalidade materna por hemorragia pós-parto em locais de recursos limitados é imprescindível melhorar a capacitação dos profissionais, implementar boas práticas no uso de uterotónicos, otimizar a gestão de recursos e transpor as barreiras culturais impeditivas da procura dos serviços de saúde.