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Revista Científica da Ordem dos Médicos
Introdução: As crianças e adolescentes representam uma proporção relevante e crescente de viajantes. As doenças infeciosas e as lesões em crianças durante viagens internacionais são motivo de preocupação relacionada com segurança; no entanto, os dados na idade pediátrica são amplamente desconhecidos. Os objetivos deste estudo foram analisar as doenças e lesões relacionadas com as viagens ocorridas em viajantes em idade pediátrica, durante e após viagens internacionais, identificar fatores de risco para a ocorrência de doenças associadas à viagem, e avaliar o cumprimento e a eficácia das recomendações fornecidas na consulta pré-viagem.
Material e Métodos: Incluímos viajantes com idade inferior a 18 anos avaliados na consulta do viajante num hospital terciário (2017 - 2019). O estudo baseou-se num questionário, desenhado para abordar questões de saúde e segurança – vacinas e quimioprofilaxia, incluindo efeitos colaterais, ocorrência de doença ou lesão, diagnóstico, tratamento e resultado.
Resultados: Foram incluídos 223 dos 370 viajantes pediátricos observados na consulta do viajante. A mediana da idade à data da consulta era oito anos, 39,7% eram adolescentes e 52,5% eram do sexo feminino. Os participantes viajaram para 40 países, em quatro continentes, e a mediana da duração da viagem foi 14,5 dias. O continente asiático foi o mais visitado. A viagem foi segura em 84,8% dos casos. Nos 34 viajantes que apresentaram doença/lesão, verificaram-se sintomas gastrointestinais em 41,2%. Dezasseis (47,1%) viajantes necessitaram de consulta médica urgente no destino e nenhum foi hospitalizado. Destinos em África e viagens mais longas foram associados, significativamente, a maior ocorrência de doença/lesão (p = 0,023 e p < 0,001, respetivamente). No modelo multivariável, viajar para África foi associado, significativamente, a doença/lesão [OR = 2,736 (1,037 - 7,234)].
Conclusão: A viagem associou-se a doença/lesão em 15,2% dos viajantes pediátricos. Embora não requerendo hospitalização, 47,1% dos viajantes necessitaram de consulta médica urgente. África e viagens mais longas parecem estar associados a risco maior de doenças/lesões.
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