REDES SOCIAIS
Revista Científica da Ordem dos Médicos
Introdução: A doença provocada pelo novo coronavírus, aumentou a atividade de atendimento não presencial através de teleconsulta nos cuidados de saúde primários, o que pode ter sido motivo de ansiedade nos médicos de família. O principal objetivo da presente investigação foi desenvolver e validar uma escala de avaliação da ansiedade dos médicos de família durante a realização de teleconsulta.
Material e Métodos: Estudo observacional, transversal, de carácter descritivo. Foi aplicado um questionário online para avaliar a ansiedade de médicos de família em Portugal durante a realização de teleconsulta .
Resultados: Foi conduzida uma análise fatorial exploratória com inclusão de 359 respostas válidas depois de determinado o número de fatores a reter. Foi detetada uma estrutura fatorial de quatro fatores, com cargas fatoriais a variar entre 0,44 e 0,98. As correlações entre fatores variaram entre 0,42 e 0,58. Os resultados da análise fatorial exploratória indicaram um ajustamento bom ou muito bom, com o teste qui-quadrado/gl = 2,448, raiz do erro médio quadrático de aproximação (RMSEA) = 0,062 [90% IC = (0,053, 0,073)], raiz do erro médio quadrático residual padronizado (RMSR) = 0.030 e índice Tucker Lewis (TLI) = 0,931. A fiabilidade compósita foi superior a 0,7 em todos os fatores extraídos e a variância média extraída próxima ou superior a 0,5, confirmando validade convergente. O ómega de McDonald (ω) = 0,95 sugeriu a presença de um fator de segunda ordem, e assim uma medida global de ansiedade na teleconsulta. A validade concorrente foi considerada adequada, com correlações entre r = -0,277 e r = -0,393 para com a General Self-Efficacy scale (GSE) e entre r = 0,302 e r = 0,547 para com a Depression Anxiety Stress scales (DASS). As correlações moderadas encontradas entre a DASS e as dimensões da AnsT-19 sugerem que a AnsT-19 está a captar a ansiedade sob o ponto de vista da teleconsulta. Os fatores da AnsT-19, bem como o score total associaram-se com o género, experiência como médico de família, medicação psicotrópica durante o período pandémico e experiência pré-pandémica de teleconsulta, indicando boa validade de construto. As limitações do estudo estão relacionadas com o processo de amostragem por conveniência e recurso a um questionário online de auto-reporte.
Conclusão: O AnsT-19 é um instrumento válido para avaliar a ansiedade dos médicos de família durante a realização de teleconsulta.
Clique aqui para aceder ao artigo completo (apenas em inglês).