Hábitos Alimentares Durante a Gravidez em Mulheres com Parto Muito Pré-Termo: Uma Análise Exploradora

Introdução: A prevalência do nascimento pré-termo tem aumentado em todo o mundo, representando uma das principais causas de morte e perda do potencial humano a longo prazo entre os sobreviventes. Algumas morbilidades na gravidez são fatores de risco conhecidos para o desencadeamento do parto pré-termo. Ainda não se sabe se os desvios de um padrão alimentar adequado se associam ao parto prematuro. A dieta por si só pode ser um importante modulador da inflamação crónica e dietas pró-inflamatórias durante a gravidez podem estar associadas ao parto pré-termo. Este estudo teve como objetivo determinar o consumo alimentar durante a gravidez de mulheres portuguesas que tiveram parto muito pré-termo e analisar a associação entre o consumo alimentar e as principais morbilidades durante a gravidez relacionadas com o parto pré-termo.
Material e Métodos: Foi realizado um estudo observacional transversal, num único centro, incluindo casos consecutivos de mulheres portuguesas que tiveram o parto antes das 33 semanas de gestação. O recordatório dos hábitos alimentares durante a gravidez foi obtido na primeira semana após o parto, utilizando um questionário semi-quantitativo de frequência alimentar validado para grávidas portuguesas.
Resultados: Foram incluídas 60 mulheres com idade mediana de 36,0 anos. Destas, 35% eram obesas ou com excesso de peso no início da gravidez, 41,7% e 25,0% tiveram aumento excessivo ou insuficiente de peso durante a gravidez, respetivamente. A hipertensão induzida pela gravidez esteve presente em 21,7% dos casos, a diabetes gestacional em 18,3%, a hipertensão crónica em 6,7% e a diabetes mellitus tipo 2 em 5,0%. A hipertensão induzida pela gravidez associou-se significativamente ao aumento do consumo diário de produtos de pastelaria (31,2 vs 10,0 g, p = 0,022), fast food (39,6 vs 29,7 g, p = 0,028), pão (90,0 vs 50,0 g, p = 0,005), massas, arroz e batatas (225,7 vs 154,3 g, p = 0,012). Na análise multivariável, apenas o consumo de pão manteve uma associação significativa, embora fraca, com a hipertensão induzida pela gravidez (OR = 1,021; 1,003 – 1,038, p = 0,022).
Conclusão: A hipertensão induzida pela gravidez associou-se ao aumento do consumo de produtos de pastelaria, fast food, pão, massas, arroz e batata, embora apenas o consumo de pão tivesse mantido uma associação fraca, mas significativa, com a hipertensão induzida pela gravidez, na análise multivariável.

Clique aqui para aceder ao artigo completo (apenas em inglês).

Este site utiliza cookies para permitir uma melhor experiência por parte do utilizador. Ao navegar no site estará a consentir a sua utilização.