Introdução: As suturas uterinas compressivas são uma medida conservadora a adotar em casos de hemorragia pós-parto grave refratária a uterotónicos. As suturas de Alcides Pereira foram introduzidas em 2005 e consistem em duas suturas longitudinais e três suturas transversas não transfixivas. Estudos prévios revelaram resultados favoráveis, demonstrando o benefício e valor da técnica. O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia, complicações e impacto na fertilidade e futuras gravidezes em mulheres submetidas às suturas de Alcides Pereira em casos de hemorragia pós-parto por atonia uterina.
Métodos: Estudo observacional retrospetivo realizado através da consulta de processos clínicos de mulheres tratadas com suturas de Alcides Pereira num hospital terciário entre janeiro de 2013 e dezembro de 2022. Foram registados dados demográficos e desfechos relativos à gravidez, complicações a curto e longo prazo associadas as suturas e consequências na fertilidade e gravidezes futuras. 
Resultados: Foram tratadas 50 mulheres com suturas de Alcides Pereira com resultados eficazes no controlo da hemorragia pós-parto em 96% dos casos, e não tendo sido realizada nenhuma histerectomia periparto. Verificaram-se melhores desfechos associados às situações nas quais as suturas foram aplicadas mais precocemente intracesariana versus relaparotomia. Em 12% (n = 6) das mulheres foram documentadas complicações: as mais frequentes foram a infeção pélvica (n = 3) e dor abdominal (n = 3). No que respeita a fertilidade, todas as mulheres que desejaram uma futura gravidez (n = 5) conseguiram conceber espontaneamente, tendo-se registado três nados vivos.
Conclusão: As suturas de Alcides Pereira são um tipo de sutura hemostática que confere múltiplas vantagens, e que deve ser considerada após a falha do tratamento médico na hemorragia pós-parto. Se aplicadas precocemente, poderão prevenir a morbilidade materna. As suturas de Alcides Pereira são seguras e associam-se a preservação da fertilidade.

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