Perspetivas dos Internos de Psiquiatria e Psiquiatria da Infância e da Adolescência sobre a Formação em Psicoterapia em Portugal

Introdução: A psicoterapia é um tratamento eficaz para diversas perturbações mentais, sendo recomendada a sua inclusão na formação dos internos de psiquiatria e psiquiatria da infância e da adolescência. No entanto, a incorporação da formação em psicoterapia nos currículos dos programas de internato tem-se revelado difícil e, em Portugal, competência em psicoterapia não é obrigatória para ser psiquiatra. Este estudo pretende descrever as perspetivas dos internos de psiquiatria e psiquiatria da infância e adolescência sobre a formação em psicoterapia em Portugal. 
Métodos: Os autores desenvolveram um questionário online, autoaplicável, voluntário e anónimo para ser preenchido por internos de psiquiatria e psiquiatria da infância e adolescência. Os dados foram colhidos em 2023.
Resultados: A taxa de resposta foi de 29,9%. A maioria dos internos portugueses de psiquiatria e psiquiatria da infância e da adolescência apontou que a sua instituição não oferece formação em psicoterapia (95,2%) e manifestou insatisfação com a formação em psicoterapia fornecida pelas suas instituições (96,8%). Todos os inquiridos concordaram que a formação em psicoterapia envolve um investimento monetário significativo, e quase todos (96,8%) acreditaram que envolve um investimento substancial em termos de tempo a longo prazo. Igualmente, a maioria dos inquiridos (94,4%) defendeu que a formação em psicoterapia deve ser incluída no horário de trabalho do internato. De ressalvar, os internos manifestaram interesse na formação em psicoterapia (93,6%), e a maioria considerou que a psicoterapia deve ser uma competência obrigatória do programa de formação do internato (85,7%). Mais de dois terços (70,6%) dos internos consideram iniciar ou continuar formação em psicoterapia após o internato. Relativamente às modalidades que deveriam ser incluídas no programa de internato, os internos destacaram terapia cognitivo-comportamental, terapia familiar, psicoterapia interpessoal, psicoterapia psicodinâmica e psicoterapia de suporte. Cerca de 40% dos inquiridos mencionaram que estavam em psicoterapia pessoal durante o internato.
Conclusão: É necessária uma reflexão séria sobre alterações curriculares para que os futuros psiquiatras possam ser qualificados a fornecer tratamento psicoterapêutico. Os autores acreditam que fornecem dados relevantes dos futuros psiquiatras que podem ser úteis para ajudar a definir a formação numa competência percecionada como essencial.

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