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Revista Científica da Ordem dos Médicos
Introdução: A ressonância magnética (RM) tem um papel crucial no diagnóstico e monitorização dos doentes com esclerose múltipla (EM). Este estudo pretende avaliar a implementação das Recomendações e Consensos do Grupo de Estudos de Esclerose Múltipla e da Sociedade Portuguesa de Neurorradiologia sobre Ressonância Magnética na Esclerose Múltipla na prática clínica.
Métodos: Realizou-se um estudo observacional, retrospetivo, longitudinal e multicêntrico englobando doentes com diagnóstico de EM entre 2019 e 2022 de sete hospitais portugueses. Foi obtida informação demográfica e dados relativos à requisição da RM, protocolos de aquisição e relatório. Foi realizada análise descritiva e comparativa.
Resultados: Foram incluídos 242 doentes, sendo 66% do sexo feminino. A média de idades ao diagnóstico foi 37 (DP 13) anos, predominando as formas surto-remissão (225, 93%). Foram incluídos 989 exames, correspondendo a 737 pedidos e relatórios. Um terço dos relatórios estava indisponível na data pretendida, com implicações em 83,7% dos casos, sendo a principal uma nova consulta (58,9%). Todos os critérios recomendados foram cumpridos por 28,8% das requisições de RM diagnósticas e 3,7% de seguimento. Todas as sequências obrigatórias foram executadas em 82,5% das RM crânio-encefálicas e 71,1% das RM medulares. Nenhum dos relatórios cumpriu todos os parâmetros recomendados, destacando-se a omissão mais frequente da dose de gadolínio, carga lesional e caracterização da atrofia cerebral. Após implementação das recomendações, os neurologistas reportaram com maior frequência o fenótipo da doença (p < 0,05) e os neurorradiologistas os parâmetros técnicos (p < 0,05). Os exames realizados em hospitais privados apresentaram protocolos de neuroimagem semelhantes, cumprindo mais frequentemente os tópicos sugeridos na conclusão dos relatórios (p < 0,05).
Conclusão: Este estudo sugere uma adesão incompleta ao Consenso Português sobre RM na EM. A informação fornecida pelo clínico foi frequentemente insuficiente, o que poderá comprometer a planificação do protocolo de RM. No relatório havia regularmente informação relevante em falta relativa ao diagnóstico e seguimento dos doentes. São necessários esforços adicionais para garantir a implementação completa e otimizar os cuidados na EM.
Palavras-chave: Consenso; Esclerose Múltipla/diagnóstico por imagem; Portugal; Ressonância Magnética
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