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Revista Científica da Ordem dos Médicos
Introdução: Apesar de as normas de orientação clínica serem essenciais para harmonizar os cuidados, a adesão nas unidades de cuidados de saúde primários permanece inconsistente a nível global. Este estudo teve como objetivo a avaliação da utilização de normas de orientação clínica por médicos de família na Eslovénia para o diagnóstico e tratamento de patologias comuns, e a identificação dos fatores que influenciam o conhecimento das normas de orientação clínica, a tomada de decisões e das barreiras à adesão.
Métodos: Estudo transversal de âmbito nacional junto de especialistas em Medicina Geral e Familiar e de médicos internos de Medicina Geral e Familiar a trabalhar em centros de saúde públicos e privados em áreas rurais e urbanas da Eslovénia. Os participantes completaram um questionário online para avaliar o seu conhecimento sobre normas de orientação clínica (27 normas de orientação clínica elaboradas por profissionais de saúde eslovenos). Posteriormente, avaliaram-se as decisões tomadas em relação à sua conformidade com as normas de orientação clínica em vigor (cinco casos clínicos). O último item do questionário foi uma pergunta de resposta aberta sobre os principais obstáculos associados ao uso das normas de orientação clínica.
Resultados: De um total de 660 médicos, apenas 57 completaram o questionário na íntegra (taxa de resposta de 8,6%). O conhecimento sobre as normas de orientação clínica variou significativamente (média de 60,8%), com maior conhecimento das normas sobre patologias relativamente comuns (por exemplo, 96% para hipertensão arterial versus 12% para policitemia vera). Em 65,2% dos casos foram tomadas decisões clínicas corretas e de acordo com as normas (pontuações médias mais baixas para osteoporose, 57,9%, mais altas para dispepsia, 69,7%). Diferenças mínimas estatisticamente significativas emergiram entre especialistas em medicina geral e familiar e internos (decisões sobre doença arterial periférica, p = 0,024), contextos de prática pública ou privada (decisões sobre sintomas do trato urinário inferior, p = 0,037), e contextos de prática urbana ou rural (decisões sobre doença pulmonar obstrutiva crónica, p = 0,008 e p = 0,016). As respostas à pergunta aberta foram divididas em seis categorias: limitações organizacionais (falta de tempo e disponibilidade de diretrizes), limitações relacionadas com as características e qualidade das normas, falta de conhecimento dos membros da equipa ou trabalho baseado na experiência, doentes complexos, doentes não colaborantes e limitações financeiras.
Conclusão: Em média, os médicos de família na Eslovénia tomam decisões clínicas de acordo com as normas de orientação clínica em 65,2% dos casos. Os principais obstáculos à adesão às normas são as restrições organizacionais, principalmente a carga de trabalho e pressões de tempo. São recomendadas intervenções, tais como tempo de consulta prolongado, repositórios digitais centralizados de normas de orientação clínica e seminários anuais de atualização. O nosso estudo destaca a necessidade de mais investigação para validar as estratégias de melhoria da implementação e adesão às normas de orientação clínica nos cuidados de saúde primários.
Palavras-chave: Adesão às Diretrizes; Eslovênia; Inquéritos e Questionários; Medicina Geral e Familiar; Tomada de Decisão Clínica
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