Impacto do Uso Prolongado da Terapêutica Subcutânea Contínua com Insulina no Controlo da Diabetes Mellitus Tipo 1

Autores

  • Sérgio Azevedo Faculdade de Medicina. Universidade de Coimbra. Coimbra. https://orcid.org/0000-0002-4774-3923
  • Joana Saraiva Faculdade de Medicina. Universidade de Coimbra. Coimbra. Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra.
  • Francisco Caramelo Faculdade de Medicina. Universidade de Coimbra. Coimbra. Laboratório de Bioestatística e Informática Médica. Instituto Biomédico de Investigação da Luz e da Imagem. Coimbra.
  • Lúcia Fadiga Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra.
  • Luísa Barros Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra.
  • Carla Baptista Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra.
  • Miguel Melo Faculdade de Medicina. Universidade de Coimbra. Coimbra. Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra.
  • Leonor Gomes Faculdade de Medicina. Universidade de Coimbra. Coimbra. Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra.
  • Francisco Carrilho Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.10778

Palavras-chave:

Diabetes Mellitus Tipo 1, Hemoglobina Glicada A1c, Infusões Subcutâneas, Insulina, Sistemas de Perfusão de Insulina

Resumo

Introdução: O uso da terapêutica com perfusão subcutânea contínua de insulina na diabetes mellitus tipo 1 é cada vez mais frequente devido aos seus efeitos benéficos no controlo glicémico e na flexibilidade do estilo de vida. Constituiu objetivo deste estudo avaliar o impacto da terapêutica com perfusão subcutânea contínua de insulina no controlo glicémico, índice de massa corporal, dose diária total de insulina e complicações desta modalidade terapêutica durante vinte anos de experiência no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

Material e Métodos: Estudo retrospetivo que inclui doentes com diabetes mellitus tipo 1 seguidos no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, que iniciaram terapêutica com perfusão subcutânea contínua de insulina até 2005 e com pelo menos 10 anos de tratamento com terapêutica com perfusão subcutânea contínua de insulina. Avaliou-se a hemoglobina glicada A1c, o índice de massa corporal e a dose diária total de insulina imediatamente antes e seis meses, um ano, cinco, 10, 15 e 20 anos após terapêutica com perfusão subcutânea contínua de insulina a partir dos registos médicos. Avaliou-se ainda a frequência de complicações agudas associadas a este tipo de terapêutica.

Resultados: Obtiveram-se dados de 20 doentes (sete homens; 13 mulheres) com duração média de doença até início da terapêutica com perfusão subcutânea contínua de insulina de 16,1 ± 7,9 anos, idade média de início de terapêutica com perfusão subcutânea contínua de insulina de 31,1 ± 8,4 anos e seguimento durante 13,2 ± 2,3 anos. As indicações para colocação de bomba foram: inadequado controlo metabólico em 15 doentes, história de hipoglicemias assintomáticas ou severas em quatro doentes, e gravidez/planeamento de gravidez em um doente. A mediana de hemoglobina glicada A1c prévia foi 9,3% (6,5 - 16,0) tendo diminuído aos seis meses para o valor mínimo de 7,2% (5,3 - 9,8); p < 0,0125. A redução da hemoglobina glicada A1c manteve-se estatisticamente significativa nos primeiros 10 anos de seguimento. Verificou-se uma diferença estatisticamente significativa na variação do índice de massa corporal após 10 anos de seguimento comparativamente com o valor prévio à terapêutica com perfusão subcutânea contínua de insulina; 24,7kg/m2 (18,9 - 31,8) vs 25,5 kg/m2 (18,9 - 38,9), p < 0,0125. As necessidades diárias de insulina foram reduzidas de 56,5 U (32,0 - 94,0) para 43,8 U (33,0 - 64,0) (p < 0,0125) nos primeiros seis meses e não se encontraram diferenças estatísticas no restante seguimento relativamente às necessidades prévias à terapêutica com perfusão subcutânea contínua de insulina. Verificaram-se duas hipoglicemias severas (incidência 0,0095/doente/ano), cinco cetoacidoses diabéticas (0,0238/doente/ano) e nenhuma infeção no local de inserção do cateter.

Discussão: Este estudo demonstrou a eficácia da terapêutica com perfusão subcutânea contínua de insulina, que está associada a uma diminuição significativa da hemoglobina glicada A1c sustentada durante 10 anos e a uma redução da dose diária total de insulina, significativa nos primeiros seis meses. A taxa de complicações agudas foi baixa.

Conclusão: A evidência sugere que a terapêutica com perfusão subcutânea contínua de insulina é efetivamente vantajosa no controlo metabólico em doentes com diabetes mellitus tipo 1 selecionados.

 

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Publicado

2019-02-01

Como Citar

1.
Azevedo S, Saraiva J, Caramelo F, Fadiga L, Barros L, Baptista C, Melo M, Gomes L, Carrilho F. Impacto do Uso Prolongado da Terapêutica Subcutânea Contínua com Insulina no Controlo da Diabetes Mellitus Tipo 1. Acta Med Port [Internet]. 1 de Fevereiro de 2019 [citado 30 de Junho de 2024];32(1):17-24. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/10778

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