Práticas Atuais de Reanimação Neonatal nas Salas de Parto em Portugal: Um Estudo Transversal

Autores

  • Natacha Alves Faculdade de Medicina. Universidade do Porto. Porto.
  • Gustavo Rocha Serviço de Neonatologia. Centro Hospitalar e Universitário de São João. Porto.
  • Filipa Flor-de-Lima Serviço de Neonatologia. Centro Hospitalar e Universitário de São João. Porto; Departamento de Ginecologia-Obstetrícia e Pediatria. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto. Porto.
  • Marta Rosário Serviço de Neonatologia. Centro Hospitalar e Universitário de São João. Porto; Departamento de Ginecologia-Obstetrícia e Pediatria. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto. Porto.
  • Susana Pissarra Serviço de Neonatologia. Centro Hospitalar e Universitário de São João. Porto.
  • Mário Mateus Serviço de Neonatologia. Centro Hospitalar e Universitário de São João. Porto.
  • Inês Azevedo Departamento de Ginecologia-Obstetrícia e Pediatria. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto. Porto; Serviço de Pediatria. Centro Hospitalar e Universitário de São João. Porto.
  • Henrique Soares Serviço de Neonatologia. Centro Hospitalar e Universitário de São João. Porto; Departamento de Ginecologia-Obstetrícia e Pediatria. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto. Porto.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.20009

Palavras-chave:

Inquéritos e Questionários, Portugal, Ressuscitação, Recém-Nascido, Salas de Partos

Resumo

Introdução: Estudos previamente publicados demonstraram discordância entre as práticas de reanimação neonatal nas salas de partos e as recomendações internacionais em países desenvolvidos. O objetivo primário deste estudo foi avaliar a qualidade dos cuidados de saúde neonatais e de reanimação neonatal nas salas de partos portuguesas, comparando as práticas atuais com as diretrizes de 2021 do European Resuscitation Council. O objetivo secundário foi comparar a consistência das práticas entre centros terciários e centros não-terciários em Portugal.
Métodos: Um questionário com 87 perguntas foi enviado por correio eletrónico aos médicos inscritos na Sociedade Portuguesa de Neonatologia. Para comparar as práticas entre centros terciários e não-terciários, os participantes foram divididos em dois grupos: Grupo A (centros nível III e nível IIb) e Grupo B (centros nível IIa e nível I). Para comparar as práticas entre os grupos A e B foi efetuada uma análise descritiva das variáveis.
Resultados: No total, 130 médicos responderam ao questionário. O Grupo A incluiu 91 (70%) e o Grupo B 39 (30%) participantes. Mais de 80% relataram a presença de um profissional com treino básico em reanimação neonatal em todos os partos, realização de clampagem tardia do cordão a todos os recém-nascidos que nascem sem complicações, e a presença de alguns equipamentos essenciais nas salas de partos. Menos de 60% relataram a realização de team briefing, controlo da temperatura dos recém-nascidos, e a presença de sensores de eletrocardiograma, sensores de CO2 expirado e máquinas geradoras de pressão positiva contínua da via aérea (CPAP). As áreas de maior divergência entre os grupos incluíram os recursos humanos presentes nas salas de partos, educação, equipamento, controlo térmico, manipulação do cordão umbilical, monitorização de sinais vitais, administração profilática de surfactante e transporte do recém-nascido.
Conclusão: De um modo geral, os médicos portugueses revelaram uma elevada adesão às diretrizes internacionais. Ainda assim, foram encontradas algumas diferenças entre as diretrizes internacionais e as práticas atuais, bem como entre as práticas em centros com diferentes níveis de diferenciação. Os aspetos a melhorar incluem o team briefing, questões éticas, educação, equipamentos disponíveis, monitorização da temperatura e abordagem à via aérea. Os autores salientam a importância da formação contínua, de modo a garantir adesão às diretrizes mais recentes e a melhorar os outcomes na saúde neonatal.

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Publicado

2024-05-02

Como Citar

1.
Alves N, Rocha G, Flor-de-Lima F, Rosário M, Pissarra S, Mateus M, Azevedo I, Soares H. Práticas Atuais de Reanimação Neonatal nas Salas de Parto em Portugal: Um Estudo Transversal. Acta Med Port [Internet]. 2 de Maio de 2024 [citado 18 de Maio de 2024];37(5):342-54. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/20009

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