Diabetes Gestacional: Serão os Atuais Critérios de Diagnóstico Mais Vantajosos?

Autores

  • Ana Filipa Ferreira Serviço de Obstetrícia A. Maternidade Daniel de Matos. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Coimbra. https://orcid.org/0000-0003-1934-691X
  • Catarina Miranda Silva Serviço de Obstetrícia A. Maternidade Daniel de Matos. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Coimbra.
  • Dora Antunes Serviço de Obstetrícia A. Maternidade Daniel de Matos. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra.
  • Filipa Sousa Serviço de Obstetrícia A. Maternidade Daniel de Matos. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra.
  • António Carlos Lobo Serviço de Obstetrícia A. Maternidade Daniel de Matos. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Coimbra.
  • Paulo Moura Serviço de Obstetrícia A. Maternidade Daniel de Matos. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Coimbra.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.10135

Palavras-chave:

iabetes Gestacional/diagnóstico, Diabetes Gestacional/epidemiologia, Portugal

Resumo

Introdução: Não existe consenso internacional quanto aos critérios de diagnóstico da diabetes gestacional. Em Portugal, os critérios de Carpenter e Coustan foram substituídos por uma adaptação dos critérios da International Association of Diabetes and Pregnancy Study Groups. O objetivo deste estudo foi comparar a incidência e outcomes obstétricos/perinatais das grávidas com diabetes gestacional segundo os critérios atuais e prévios.

Material e Métodos:
Estudo retrospetivo de 1218 gestações únicas complicadas com diabetes gestacional cuja vigilância/parto ocorreu entre 2008-2015. Consideraram-se dois grupos: diagnóstico pelos critérios da Direção Geral da Saúde – International Association of Diabetes and Pregnancy Study Groups (grupo 1); diagnóstico segundo Carpenter e Coustan (grupo 2), tendo sido feita análise estatística comparativa.

Resultados:
A incidência da diabetes gestacional duplicou (9,4% vs 4,6%) e o número de consultas/ano aumentou consideravelmente (~ 3 000 vs ~ 2 000). No grupo 1 verificou-se um risco inferior de recém-nascidos macrossómicos em relação ao grupo 2 [RR 0,44 (IC (95%): 0,26 – 0,76)], e um risco mais elevado de recém-nascidos leves para a idade gestacional (LIG) [RR 1,99 (IC (95%):1,19 – 3,31)]; um risco cerca de seis e quatro vezes superior de hipoglicémia [RR 6,30 (IC (95%): 3,39 – 11,71)] e hiperbilirrubinémia [RR 3,89 (IC (95%): 2,25 – 6,72)] neonatais, respetivamente. Não houve diferenças em relação a outros outcomes.

Discussão:
A redução dos recém-nascidos macrossómicos não resultou em melhoria dos outcomes, havendo um aumento dos recém-nascidos leves para a idade gestacional bem como de complicações neonatais. Os critérios atuais poderão associar-se a maiores gastos em saúde, devido ao aumento considerável da incidência de diabetes gestacional e maior vigilância em consultas, sem benefícios obstétricos/perinatais.

Conclusão: A aplicação dos critérios da Direção Geral da Saúde – International Association of Diabetes and Pregnancy Study Groups associou-se a redução da macrossomia, não acompanhada de uma melhoria dos outcomes. É discutível o benefício destes critérios em relação aos anteriormente preconizados.

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Publicado

2018-08-31

Como Citar

1.
Ferreira AF, Silva CM, Antunes D, Sousa F, Lobo AC, Moura P. Diabetes Gestacional: Serão os Atuais Critérios de Diagnóstico Mais Vantajosos?. Acta Med Port [Internet]. 31 de Agosto de 2018 [citado 30 de Junho de 2024];31(7-8):416-24. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/10135

Edição

Secção

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