Gonorreia Extragenital em Homens Que Têm Sexo com Homens: Estudo Retrospetivo numa Consulta de IST em Lisboa, Portugal
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.10146Palavras-chave:
Gonorreia, Homossexualidade Masculina, Neisseria gonorrhoeae, PortugalResumo
Introdução: Estudos internacionais recentes revelam uma prevalência significativa de infeções extragenitais por Neisseria gonorrhoeae em homens que têm sexo com homens. Pretendemos analisar a frequência e caraterísticas das infeções gonocócicas extragenitais diagnosticadas em homens que têm sexo com homens numa consulta aberta de Infeções Sexualmente Transmissíveis em Lisboa, Portugal.
Material e Métodos: Conduzimos um estudo observacional transversal, retrospetivo, das infeções anorrectais e/ou orofaríngeas por Neisseria gonorrhoeae em homens que têm sexo com homens, diagnosticadas na nossa consulta de Infeções Sexualmente Transmissíveis entre janeiro de 2014 e dezembro de 2016.
Resultados: Detetámos infeção extragenital em 87 dos casos de gonorreia identificados em homens que têm sexo com homens no período analisado, incluindo: 49 casos de doença anorrectal, 9 de doença orofaríngea, 13 casos de infeção em ambas as localizações extragenitais, e 16 de gonorreia simultaneamente extragenital e urogenital. A idade dos doentes variou entre 17 e 64 anos (mediana: 28 anos). Quarenta e sete (54%) dos doentes não apresentavam qualquer sintoma extragenital. Trinta (35%) tinham também infeção pelo vírus da imunodeficiência humana-1.
Discussão: Dado que a maioria das infeções extragenitais por Neisseria gonorrhoeae são assintomáticas, estas podem não ser diagnosticadas, e não tratadas, se não pesquisadas ativamente. Em várias normas de orientação clínica internacionais atuais é recomendado o rastreio da gonorreia em localizações extragenitais em homens que têm sexo com homens, visto que as infeções anorrectais e orofaríngeas constituem potenciais reservatórios da doença e podem facilitar a transmissão e/ou aquisição de infeção pelo vírus da imunodeficiência humana.
Conclusão: Os nossos resultados apontam para a relevância de testar os homens que têm sexo com homens para a presença de Neisseria gonorrhoeae em localizações extragenitais, independentemente da existência de sintomas locais. A implementação de programas de rastreio adequados em Portugal deverá ser considerada. Relevamos também a necessidade de sensibilizar a população para a adoção de medidas profiláticas contra a transmissão de infeções sexualmente transmissíveis durante o contacto sexual anal e/ou oral.
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