Determinantes Sociodemográficos do Parto por Cesariana na Maior Maternidade Pública de Angola

Autores

  • Tazi Nimi Institute of Public Health. University of Porto. Porto. Faculdade de Medicina. Universidade Agostinho Neto. Luanda. Angola.
  • Diogo Costa Institute of Public Health. University of Porto. Porto. Department of Clinical Epidemiology, Predictive Medicine and Public Health. Medical School. University of Porto. Porto.
  • Paulo Campos Faculdade de Medicina. Universidade Agostinho Neto. Luanda.
  • Henrique Barros Institute of Public Health. University of Porto. Porto. Department of Clinical Epidemiology, Predictive Medicine and Public Health. Medical School. University of Porto. Porto.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.10409

Palavras-chave:

Angola, Cesariana, Factores Socioeconómicos

Resumo

Introdução: Este estudo teve como objetivo descrever as características socioeconómicas e demográficas associadas ao parto por cesariana em Angola.
Material e Métodos: Estudo transversal que incluiu 995 participantes puérperas no período compreendido entre dezembro de 2012 a fevereiro de 2013 na Maternidade Lucrécia Paím, em Luanda, Angola. A informação foi recolhida através de um questionário estruturado aplicado por entrevistadores treinados. Foi utilizada regressão logística para estimar a magnitude da associação (odds ratios — intervalos de confiança a 95%) entre o tipo de parto e as covariáveis.
Resultados: A prevalência de cesariana neste estudo foi de 44%. As mulheres que fizeram cesariana eram menos escolarizadas, residiam mais frequentemente em zonas periurbanas e com rendimentos mais baixos quando comparadas com as mulheres que tiveram parto vaginal. Residir numa área periurbana estava significativamente associado ao parto por cesariana independentemente de outros fatores, (odds ratios ajustado para mulheres primíparas, intervalos de confiança 95% = 2,14, 1,27 – 3,62) e mulheres multíparas (1,78, 1,26 – 2,51). Hipertensão durante a gravidez atual associou-se ao parto por cesariana tanto em primíparas (3,96; 1,57 – 9,98) como em multíparas (1,68; 1,03 – 2,74).
Discussão: As associações entre baixa posição socioeconómica e o alto risco de cesariana demonstradas neste estudo são resultados consistentes em pesquisas prévias realizadas em contextos africanos. As mulheres mais pobres e menos instruídas, que residem longe das unidades de saúde, têm poucas consultas pré-natais e muitas vezes chegam com condições complicadas, justificando um parto por cesariana. A falta de recursos humanos e materiais qualificados para gestão de emergências em centros de saúde periféricos e o atraso no sistema de referência também leva a um aumento no número de cesarianas realizadas nesse hospital particular.
Conclusão: Foram observadas diferenças sociodemográficas de acordo com o tipo de parto. O parto por cesariana foi mais frequente entre mulheres com rendimentos mais baixo e residentes em áreas periurbanas.

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Publicado

2019-06-28

Como Citar

1.
Nimi T, Costa D, Campos P, Barros H. Determinantes Sociodemográficos do Parto por Cesariana na Maior Maternidade Pública de Angola. Acta Med Port [Internet]. 28 de Junho de 2019 [citado 25 de Novembro de 2024];32(6):434-40. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/10409

Edição

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