Lítio nas Águas de Consumo Públicas e Mortalidade por Suicídio em Portugal: Primeira Abordagem
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.10744Palavras-chave:
Abastecimento de Água, Água Potável, Lítio, Portugal, SuicídioResumo
Introdução: O lítio faz parte dos constituintes naturais da água potável. Algumas evidências referem que os níveis de lítio presentes na água potável podem ter um efeito protetor na mortalidade por suicídio. O objetivo deste estudo é avaliar se concentrações mais elevadas de lítio nas águas da rede pública estão associadas a menores taxas de suicídio em Portugal.
Material e Métodos: Taxas de mortalidade padronizada por suicídio em 54 municípios portugueses, no período de seis anos de 2011 a 2016, foram correlacionadas com concentrações de lítio em água potável pública e fatores socioeconómicos usando coeficientes de correlação de Pearson (r). Foram usados modelos de regressão multivariada para ajustar a relação com factores socioeconómicos tidos como possíveis influenciadores da mortalidade por suicídio em Portugal (densidade populacional, rendimento médio per capita, taxas de desemprego e proporção de católicos).
Resultados: O nível médio de lítio, dos 54 municípios analisados, foi de 10,88 μg/L (desvio padrão = 27,18). Não se verificou uma correlação estatisticamente significativa entre a taxa de mortalidade padronizada por suicídio e os níveis de lítio (r = 0,001, p-value = 0,996). Apesar de ser ter verificado uma taxa de mortalidade padronizada por suicídio estatisticamente superior no sexo masculino (p-value = 0,000), quando analisados separadamente ambos os sexos, não foi encontrada correlação estatisticamente significativa entre taxa de mortalidade padronizada por suicídio e níveis de lítio (masculino r = 0,024, p-value = 0,862; feminino r = 0,000, p-value = 0,999). Não foi encontrada associação entre taxa de mortalidade padronizada por suicídio e fatores socioeconómicos: densidade populacional (r = -0,144, p-value = 0,300), índice de poder de compra (r = -0,112, p-value = 0,418), taxas de desemprego (r = -0,001, p-value = 0,994) e proporção de católicos (r = -0,150, p-value = 0,278).
Discussão: Ao invés da maioria dos estudos internacionais sobre os níveis naturais de lítio e o risco de suicídio, não se encontrou em Portugal uma associação inversa. Factores como a baixa taxa nacional de suicídio, variáveis confundentes de risco suicida e outras fontes de ingesta de lítio poderão ter influenciado estes achados.
Conclusões: Não se verificou uma associação entre níveis de lítio na água potável e as taxas de suicídio.
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