Prescrição de Anti-Inflamatórios Não Esteroides a Doentes com Diabetes Mellitus em Portugal
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.10815Palavras-chave:
Antagonistas de Receptores de Angiotensina, Anti-Inflamatórios não Esteroides, Diabetes Mellitus, Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina, Insuficiência Renal CrónicaResumo
Introdução: Portugal apresenta a incidência mais elevada de doença renal crónica estádio 5 na Europa. Especula-se que o elevado consumo de anti-inflamatórios não esteroides possa contribuir para esta incidência. O objetivo do presente estudo foi caracterizar a prescrição de anti-inflamatórios não esteroides a doentes com diabetes mellitus em Portugal.
Material e Métodos: Na Base de Dados Nacional de Prescrições do Ministério da Saúde, triénio 2015 - 2017, analisámos a prescrição de anti-inflamatórios não esteroides em doentes com diabetes mellitus, de acordo com a idade, género e região do doente e a especialidade do médico prescritor. Avaliámos a prescrição de anti-inflamatórios não esteroides no total de doentes com diabetes mellitus, em doentes com diminuição presumida da função renal e naqueles com prescrição concomitante de inibidores da enzima de conversão da angiotensina ou antagonistas dos recetores da angiotensina.
Resultados: Analisámos 23 320 620 prescrições, correspondendo a 610 157 adultos, dos quais 104 306 doentes com diabetes mellitus. Os anti-inflamatórios não esteroides mais prescritos foram ibuprofeno (20,1%), metamizol (14,7%) e diclofenac (11,4%). A prescrição foi mais frequente nas mulheres, nos doentes com 51 - 70 anos e no Alentejo. Foram prescritos anti-inflamatórios não esteroides a 70,6% dos doentes com diabetes mellitus, dos quais 10,6% receberam prescrições de ≥ 10 embalagens durante os três anos. Dos doentes com diabetes mellitus medicados com inibidores da enzima de conversão da angiotensina ou antagonistas dos receptores da angiotensina e com diminuição presumida da taxa de filtração glomerular, 69,3% receberam prescrição de anti-inflamatórios não esteroides e 11,5% receberam ≥ 10 embalagens durante os três anos.
Discussão: A prescrição de anti-inflamatórios não esteroides na diabetes mellitus é elevada. Não parece existir uma preocupação na menor utilização de anti-inflamatórios não esteroides em doentes simultaneamente medicados com inibidores da enzima de conversão da angiotensina ou antagonistas dos recetores da angiotensina e/ou com diminuição da função renal.
Conclusão: A prescrição de anti-inflamatórios não esteroides em Portugal a doentes com diabetes mellitus deverá ser reduzida, particularmente nos subgrupos identificados com prescrição mais elevada e com maior risco de progressão para doença renal crónica estádio 5.
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