Micobactérias Não-Tuberculosas: Experiência de Sete Anos de um Hospital Terciário
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.10932Palavras-chave:
Infecções por Micobactérias Não-Tuberculosas/epidemiologia, Micobactérias Não-Tuberculosas, PortugalResumo
Introdução: Micobactérias não-tuberculosas são organismos ubiquitários. A determinação precisa de incidência e prevalência de infecções por estes agentes é difícil, uma vez que na maioria dos países não são de declaração obrigatória e o isolamento de micobactérias não-tuberculosas não traduz obrigatoriamente a presença de doença. Os objectivos do estudo foram a avaliação dos dados epidemiológicos e abordagem de micobactérias não-tuberculosas num hospital terciário, determinar a incidência de colonização versus infecção, e a presença de comorbilidades.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo num hospital terciário envolvendo doentes com exame cultural positivo para micobactérias não-tuberculosas em qualquer amostra biológica, de 2010 a 2017.
Resultados: Foram isoladas 125 micobactérias não-tuberculosas, correspondendo a 96 doentes. Destes, 57,4% era do sexo masculino (n = 54); a mediana de idade era 65 anos [50 - 82], 60,7% encontrava-se imunossuprimidos, mais frequente tumor maligno (49,0%) ou infeção por vírus da imunodeficiência humana (39,2%). Vinte e nove doentes (31,0%) apresentavam alterações estruturais crónicas da árvore traqueo-brônquica. Colonização assintomática foi identificada em 65,6% dos doentes (n = 63). Do total da amostra, 71,0% das infeções por micobactérias não-tuberculosas era pulmonar, e os restantes 29,0% disseminada. De acordo com os registos clínicos disponíveis, 60,6% (n = 20) das infeções presumidas preenchia critérios de diagnóstico da American Thoracic Society.
Discussão: Foram identificados vários casos de infeção multi-sistémica grave, sublinhando a importância do diagnóstico e tratamento adequados e atempados. Paralelamente, foram também descritos casos de infeção presumida que poderão ter correspondido apenas a colonizações assintomáticas.
Conclusão: Enquanto se encontram publicados critérios de diagnóstico de infeção por micobactérias não-tuberculosas, tal não acontece até à data para avaliar colonizações. Assim, um dos aspectos mais desafiantes da gestão destes casos é a correcta diferenciação entre colonização assintomática e infeção em fase inicial.
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