Astenopia Digital: Estudo do Grupo Português de Ergoftalmologia

Autores

  • Fernando Trancoso Vaz Serviço de Oftalmologia. Hospital Fernando Fonseca. Amadora. https://orcid.org/0000-0003-1635-6872
  • Susana Pinto Henriques Serviço de Oftalmologia. Hospital Fernando Fonseca. Amadora.
  • Diana Silveira Silva Serviço de Oftalmologia. Hospital Fernando Fonseca. Amadora.
  • Joana Roque Serviço de Oftalmologia. Hospital Fernando Fonseca. Amadora.
  • Ana Sofia Lopes Serviço de Oftalmologia. Hospital Fernando Fonseca. Amadora.
  • Mafalda Mota Serviço de Oftalmologia. Hospital Fernando Fonseca. Amadora.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.10942

Palavras-chave:

Astenopia, Doenças Ocupacionais, Ergonomia, Medicina do Trabalho, Oftalmologia

Resumo

Introdução: Atendendo ao uso crescente dos dispositivos eletrônicos, e o consequente aumento de queixas oftalmológicas com o seu uso, pretendemos com este estudo avaliar a prevalência de manifestações de olho seco e fadiga ocular numa população de indivíduos, de uma empresa de ‘outsourcing services’ e que utilizam o computador diariamente para realizar todas as suas tarefas.
Material e Métodos: Um total de 77 indivíduos (154 olhos) foram avaliados em dois dias separados por um intervalo de um mês. Completaram dois questionários: OSDI e GPE Fadiga Ocular. Foi realizada uma avaliação objetiva da superfície ocular: teste de Schirmer sem anestesia, DR-1a Dry Eye Monitor™, avaliação hiperémia, rotura lacrimal, presença de queratite e lesões da conjuntiva, bem como avaliação do ponto próximo de acomodação e ponto próximo de convergência. Após a primeira avaliação, dividiu-se a amostra em dois grupos: grupo A (< 2 horas de trabalho no computador) e grupo B (> 2 horas de trabalho no computador). Ao grupo B foram explicadas algumas medidas ambientais para reduzir as queixas de astenopia digital e recomendou-se uso de lágrima artificial de acordo com as necessidades.
Resultados: Observou-se uma diferença estatisticamente significante na maioria dos parâmetros avaliados no grupo B, quando comparado com o grupo no período da manhã (grupo A) - filme lacrimal (p = 0,032), hiperémia (p < 0,001), BUT (p < 0,001), queratite (p < 0,001), lesões da conjuntiva (p = 0,002) e ponto próximo de acomodação (p < 0,001). Na avaliaçã o - um mês depois - não houveram diferenças estatisticamente significativas em nenhum dos parâmetros analisados no grupo A, enquanto que no grupo B houve redução na maioria dos parâmetros ao final desse período - teste de Schirmer (p = 0,005), filme lacrimal (p = 0,022), queratite (p < 0,001), lesões da conjuntiva (p = 0,005), ponto de convergência próximo (p = 0,001) e score de fadiga (p < 0,001).
Discussão: Foi assim possível objetivar o aparecimento de fadiga ocular e alterações da superfície ocular com o uso prolongado de computadores (> 2 horas) bem como uma melhoria significativa da sintomatologia (avaliação subjetiva) e melhoria da superfície ocular (avaliação objetiva) com a implementação de medidas posturais, pausas regulares e uso de lubrificantes. Este é o primeiro estudo, tanto quanto temos conhecimento, de astenopia digital em que para além da avaliação subjetiva se avalia a presença das referidas alterações da superfície ocular e a sua melhoria com as medidas ergoftalmológicas mencionadas.
Conclusão: Este estudo realça a necessidade de estarmos alerta para as constantes e rápidas mudanças relacionadas com o uso crescente dos diferentes dispositivos digitais, bem como com o seu impacto oftalmológico e postural. Concluímos desta forma que quanto mais tempo usamos os dispositivos eletrónicos (> 2 horas), maiores são a probabilidade de desenvolver queixas e alterações da superfície ocular. As estratégias ambientais e oculares podem atenuar ou até mesmo eliminar o desconforto causado por esta síndrome e melhorar a qualidade de vida e o desempenho profissional.

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Biografia Autor

Fernando Trancoso Vaz, Serviço de Oftalmologia. Hospital Fernando Fonseca. Amadora.

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Publicado

2019-04-30

Como Citar

1.
Vaz FT, Henriques SP, Silva DS, Roque J, Lopes AS, Mota M. Astenopia Digital: Estudo do Grupo Português de Ergoftalmologia. Acta Med Port [Internet]. 30 de Abril de 2019 [citado 30 de Junho de 2024];32(4):260-5. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/10942

Edição

Secção

Original