Children’s Sleep Habits Questionnaire em Duas Sub-populações de Cabo Verde e Moçambique: Análise Exploratória e de Regressão
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.11841Palavras-chave:
Cabo Verde, Criança, Cultura, Hábitos, Higiene do Sono, Inquéritos e Questionários, Moçambique, Sono, Transtornos do Sono-VigíliaResumo
Introdução: Os hábitos de sono são influenciados por diversos factores. Pretendemos descrever os hábitos de sono de duas populações de países africanos aplicando o Children’s Sleep Habits Questionnaire e determinar quais são as variáveis que mais influenciam o score do questionário.
Material e Métodos: Realizámos dois estudos transversais em consultas de saúde infantil em Cabo Verde e numa escola em Maputo, Moçambique. A amostra de Cabo Verde incluiu 206 crianças (idade média: 6,5 anos) e a amostra de Moçambique 445 crianças (idade média: 8 anos). Aplicámos a versão portuguesa do Children’s Sleep Habits Questionnaire. As distribuições dos scores do questionário para diferentes níveis das variáveis demográficas foram avaliadas com os testes de Mann-Whitney e de Kruskal-Wallis. Utilizámos regressões lineares para quantificar a relação entre variáveis demográficas e o score do questionário.
Resultados: Cabo Verde: Mediana do score: 50 (36 – 81). Problemas de sono identificados pelo questionário: 29,9% (cut-off: 56). Problemas de sono reportados pelos pais: 22,8%. Partilha de cama: 63%. Televisão antes de adormecer: 30%. Sesta: 63%. Moçambique: Mediana do score: 48 (35 – 77). Problemas de sono identificados pelo questionário: 28,4% (cut-off: 52). Problemas de sono reportados pelos pais: 6,9%. Partilha de cama: 29%. Televisão antes de adormecer: 33%. Sesta: 23%. Variáveis que influenciam o score: educação da mãe, faixa etária da criança e sestas (Cabo Verde); nacionalidade da mãe, educação do pai, e televisão para adormecer (Moçambique).
Discussão: Os pais tendem a sobrestimar a qualidade do sono dos seus filhos. Encontrámos prevalências de problemas do sono e valores de corte mais elevados do que os obtidos em estudos anteriores, o que também se pode dever à existência de diferentes padrões e expectativas em populações com diferentes culturas. Ver televisão para adormecer é um hábito tipicamente associado a maiores perturbações no sono e é frequente em ambas as amostras. Partilha de cama e sestas são frequentes na amostra de Cabo Verde; enurese noturna também é comum e mais prevalente do que em estudos anteriores. A partilha de cama aumenta a perceção que os pais têm da qualidade do sono dos seus filhos, podendo contribuir para a elevada percentagem de problemas de sono reportada pelos pais.
Conclusão: Os problemas de sono reportados pelos pais subestimam os resultados do Children’s Sleep Habits Questionnaire, o que pode traduzir diferentes expectativas e atitudes face ao sono, e não necessariamente sono patológico. Estudos futuros devem estabelecer valores de corte do Children´s Sleep Habits Questionnaire adaptados a cada cultura.
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