Surdez Congénita ou Precocemente Adquirida: Do Rastreio ao Seguimento, um Retrato de Portugal
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.11880Palavras-chave:
Portugal, Rastreio Neonatal, Surdez/congénita, Surdez/diagnóstico, Testes AuditivosResumo
Introdução: A surdez congénita ou precocemente adquirida afeta 1 a 3 por cada 1000 recém-nascidos sem fatores de risco e 20 a 40/1000 com fatores de risco. O rastreio auditivo neonatal universal permite a sua identificação precoce. As crianças com surdez congénita/precocemente adquirida têm uma maior prevalência de outras patologias, especialmente oftalmológicas e do neurodesenvolvimento, tendo pelo menos 30% a 40% uma comorbilidade associada.
Material e Métodos: Realizámos um estudo transversal, multicêntrico onde participaram 83% (n = 30) dos hospitais/maternidades do Serviço Nacional de Saúde.
Resultados: Todos os hospitais/maternidades inquiridos realizam, por rotina, o rastreio auditivo neonatal universal a todos os recém-nascidos antes da alta; 63% encaminham para Otorrinolaringologia crianças com fatores de risco de surdez. Todas as crianças com surdez congénita/precocemente adquirida são encaminhadas para Pediatria em 23% hospitais/maternidades. Em 23 hospitais/maternidades todas as crianças com surdez congénita/precocemente adquirida são encaminhadas para: Terapia da Fala em 44% hospitais/maternidades; Oftalmologia em 17% hospitais/maternidades; Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância (SNIPI) em 30% hospitais/maternidades; referenciação para Genética de todas as crianças com surdez congénita/ precocemente adquirida, sem causa identificada, em 22% hospitais/maternidades. O número de diagnósticos de surdez nos anos de 2014 e 2015 foi de 2,5 e 1,5 por cada
1000 recém-nascidos, respetivamente, em 15 dos hospitais/maternidades.
Discussão: O rastreio auditivo neonatal universal parece estar amplamente difundido no Serviço Nacional de Saúde. O número de crianças com SC/SPA tal como a percentagem dos diferentes tipos de surdez diagnosticados, foram idênticos aos encontrados noutros estudos e mostra a indiscutível importância do rastreio. A avaliação/acompanhamento destas crianças por outras especialidades, além da Otorrinolaringologia, mostrou-se heterogéneo nas diferentes entidades de saúde e revelou que nem todas as crianças com fatores de risco de surdez realizam o seguimento aconselhado pelas normas existentes.
Conclusão: Os resultados mostram que Portugal realizou um percurso importante no âmbito do rastreio e seguimento das crianças com SC/SPA. Importa, com o fim último da melhoria continua da prestação de cuidados a estas crianças, refletir sobre o envolvimento de outras especialidades, além da Otorrinolaringologia, tal como do Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância no seguimento destas crianças.
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