Equidade na Utilização de Consultas Médicas em Portugal: Na saúde e na Doença, na Riqueza e na Pobreza?

Autores

  • Carlota Quintal Centro de Investigação em Economia e Gestão (CeBER - Centre for Business and Economics Research). Faculdade de Economia. Universidade de Coimbra. Coimbra. https://orcid.org/0000-0002-8306-3431
  • Micaela Antunes Centro de Investigação em Economia e Gestão (CeBER - Centre for Business and Economics Research). Faculdade de Economia. Universidade de Coimbra. Coimbra. https://orcid.org/0000-0002-2113-2139

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.12278

Palavras-chave:

Acesso aos Serviços de Saúde, Disparidades em Assistência à Saúde, Disparidades nos Níveis de Saúde, Encaminhamento e Consulta, Equidade em Saúde, Portugal

Resumo

Introdução: A equidade é um objetivo central da política de saúde em Portugal. Contudo, a evidência empírica sobre utilização de cuidados é escassa não existindo resultados atualizados. O nosso objetivo é avaliar o respeito pelo princípio de igual utilização para igual necessidade.
Material e Métodos: Usamos dados do Inquérito Nacional de Saúde 2014. A utilização de cuidados é medida pelo número de consultas de medicina geral e familiar ou de especialidades hospitalares. Para avaliar os fatores impactantes na utilização recorremos à análise de regressão multivariada (modelo binomial negativo). Para quantificar a desigualdade/iniquidade relacionada com o rendimento na utilização calcula-se o índice de concentração.
Resultados: Ter melhor saúde autoavaliada e não sofrer de limitações nas atividades diárias reduz a utilização; sofrer de doença crónica aumenta o uso. O rendimento não é estatisticamente significativo; a educação aumenta o uso, com efeito pronunciado. Viver em zonas urbanas e em Lisboa (comparado com o Norte) aumenta a utilização. Residir no Algarve ou Madeira, ou beneficiar apenas do Serviço Nacional de Saúde está associado a menos utilização. Pelo índice de concentração, não se exclui a hipótese de equidade nas consultas de medicina geral e familiar. Em relação às consultas de especialidades hospitalares e totais, a evidência sugere iniquidade favorável aos mais ricos.
Discussão: A iniquidade observada entre grupos de rendimento parece refletir desigualdades noutras variáveis de não-necessidade. Há a questão dos resultados poderem ser afetados por sobreutilização no caso de consultas de especialidades hospitalares.
Conclusão: Portugal progrediu favoravelmente em termos de equidade na utilização de consultas, mas subsistem desafios.

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Publicado

2020-02-03

Como Citar

1.
Quintal C, Antunes M. Equidade na Utilização de Consultas Médicas em Portugal: Na saúde e na Doença, na Riqueza e na Pobreza?. Acta Med Port [Internet]. 3 de Fevereiro de 2020 [citado 23 de Novembro de 2024];33(2):93-100. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/12278

Edição

Secção

Original