Hemorragia Uterina Anormal em Adolescentes: Uma Abordagem Multidisciplinar

Resumo

A hemorragia uterina anormal constitui a queixa que mais frequentemente leva as adolescentes a procurar cuidados de saúde. Esta situação tem um impacto significativo na qualidade de vida, levando a absentismo escolar e limitações na vida social. Os episódios podem variar de ligeiros a potencialmente fatais, se não reconhecidos e tratados rapidamente. Os prestadores de cuidados de saúde devem ser capazes de distinguir um padrão menstrual anormal, uma vez que isto poderá permitir o diagnóstico precoce de um grave problema de saúde. A classificação de PALM-COEIN deve ser usada na avaliação. A causa mais frequente é a anovulação, frequentemente associada a imaturidade do eixo hipotálamo-hipófise-ovário. A história clínica e um exame objetivo cuidado são cruciais no diagnóstico diferencial. A abordagem terapêutica deve ser baseada na etiologia subjacente e gravidade da hemorragia, sendo frequentemente necessária uma intervenção multidisciplinar. A maioria das doentes melhora com tratamento farmacológico, cuja primeira linha é constituída pela terapêutica hormonal. O tratamento cirúrgico é raramente necessário. Apesar da prevalência ser superior em adolescentes, a maioria das recomendações não são específicas desta idade, o que dificulta o diagnóstico e abordagem. A literatura revela falta de uniformização de condutas em adolescentes e os esquemas posológicos são muito variáveis. Por este motivo, é fundamental a realização de estudos sobre a eficácia e segurança dos tratamentos nesta faixa etária.