Artrite Séptica de Articulação Nativa em Adultos: Estudo Retrospetivo de Nove Anos num Hospital Universitário Português
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.12998Palavras-chave:
Anti-Infecciosos, Artrite Infecciosa, Articulações, Gestão de AntimicrobianosResumo
Introdução: A artrite séptica representa uma patologia grave que pode levar à destruição articular e diminuição funcional a longo prazo. Adicionalmente à drenagem articular, uma antibioterapia efetiva é crucial. O objetivo deste estudo consistiu em avaliar as características epidemiológicas e clínicas dos doentes admitidos com diagnóstico de artrite séptica e analisar a terapêutica antimicrobiana, estabelecendo orientações locais de tratamento antibiótico empírico.
Material e Métodos: Análise retrospetiva de doentes adultos admitidos no Centro Hospitalar Universitário do Porto com artrite séptica de articulação nativa de 2009 a 2017. Foram revistos os resultados microbiológicos, os perfis de suscetibilidade aos antimicrobianos e os registos médicos.
Resultados: Dos 97 doentes incluídos, 59,8% eram do género masculino, com uma idade média de 61 anos. A comorbilidade mais comum foi a diabetes mellitus (20,6%). O joelho foi a articulação mais afetada (71,1%). Realizou-se artrocentese em todos os doentes, com isolamento microbiano em 50,5% dos produtos. O Staphylococcus aureus foi o microrganismo mais frequente, sendo sensível à meticilina, em 86% dos casos. As bactérias Gram-negativo foram o agente causal em 15% das infeções. A associação do carbapenemo e vancomicina foi a antibioterapia empírica mais comummente iniciada (30,9%), embora em 89% dos casos a amoxicilina/clavulanato teria sido apropriada como regime inicial.
Discussão: O principal agente etiológico foi o Staphylococcus aureus, continuando o Staphylococcus aureus resistente à meticilina a ser um agente raro. A percentagem de bactérias Gram-negativo implica a sua cobertura como terapêutica empírica, embora não tenha havido casos de infeção por Pseudomonas. Por isso, a utilização empírica de um antibiótico com atividade antipseudomónica não é necessária.
Conclusão: A cobertura antibiótica de Staphylococcus aureus resistente à meticilina e Pseudomonas não é obrigatória, mas pode ser considerada na presença de alguns fatores de risco específicos. A amoxicilina/ clavulanato é uma antibioterapia empírica adequada para a artrite séptica de articulação nativa, permitindo reduzir a utilização inadequada de antibióticos de espectro mais alargado.
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