Uso de Benzodiazepinas em Programa de Manutenção Opióide em Portugal: Riscos e Características Clínicas
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.13181Palavras-chave:
Benzodiazepinas, Buprenorfina, Metadona, Tratamento de Substituição de OpiáceosResumo
Introdução: A co-associação entre benzodiazepinas e opióides associa-se a risco aumentado de overdose, morte e pior prognóstico psicossocial. Pretendemos determinar a prevalência, o padrão de consumo e as principais co-morbilidades do uso de benzodiazepinas, em utentes sob tratamento de manutenção opióide.
Material e Métodos: Conduzimos um estudo transversal, envolvendo 236 doentes tratados com substitutos opióides (metadona e buprenorfina). Realizou-se uma análise descritiva, bivariável e multivariável das características clínicas entre os usuários de benzodiazepinas e os não-usuários de benzodiazepinas.
Resultados: A prevalência do uso de benzodiazepinas foi de 25,4% (60). A obtenção de benzodiazepinas foi através de prescrição médica (49,8%) ou mercado negro (42,6%). A substância mais prescrita foi o diazepam (29,1%), e as principais razões para a toma foi insónia (27,7%), ansiedade (26,9%), e para potenciar os efeitos psicoativos de outras drogas (19,7%). No que respeita aos resultados clínicos sublinhamos: prevalência elevada de hepatite C (51,7%); elevado consumo continuado de substâncias psicoativas (73,7%); elevada taxa de depressão e ansiedade (> 60%), significativamente mais elevada nos utilizadores de benzodiazepinas. Na análise multivariável para o uso de benzodiazepinas, verificámos que o consumo de álcool (OR 0,482; IC 95% 0,247, 0,238) tem associação negativa; a hepatite C (OR 2,544; IC 95% 1,273, 5,084) e a ansiedade (OR 5,591; IC 95% 2,345, 13,326) tiveram associações positivas.
Discussão: Os resultados obtidos sugerem que os utilizadores de BZD têm um problema complexo de dependência de drogas e sublinham a importância de abordar adequadamente o uso de BZD, contemplando uma abordagem psicológica e psiquiátrica nesta população em particular.
Conclusão: O uso de benzodiazepinas, no passado ou atualmente, associa-se a piores indicadores físicos e psiquiátricos. A abordagem multidisciplinar com foco nas doenças infeciosas e na saúde mental é uma necessidade crítica para a efetividade do tratamento e prognóstico global.
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