Impacto da Poluição Atmosférica nos Sintomas Diários de Asma
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.13262Palavras-chave:
Asma, Hipersensibilidade, Poluentes Atmosféricos, Poluição do ArResumo
Introdução: O impacto da poluição atmosférica nas doenças respiratórias, nomeadamente na asma, tem sido objeto de numerosos estudos. A repercussão da poluição na sintomatologia diária dos doentes asmáticos tem sido menos estudada. Pretendemos estudar a relação entre a intensidade dos sintomas diários de asma e a variação dos níveis de poluição.
Material e Métodos: Foram selecionados doentes com diagnóstico de asma, sendo instruídos para anotar diariamente a intensidade dos seus sintomas respiratórios, expressa numa escala de 0 a 5, nos meses de março e abril de 2018. O website da Agência Portuguesa do Ambiente foi consultado e registaram-se os níveis diários de poluentes medidos pelas duas estações locais de monitorização durante o mesmo período. Os dados foram analisados utilizando um modelo causal temporal com a finalidade de relacionar os níveis de poluentes – partículas inaláveis com diâmetro menor que 10 μm, ozono, dióxido de nitrogénio e monóxido de carbono - com a intensidade dos sintomas de asma dos doentes.
Resultados: Dos 135 calendários entregues, 35 foram corretamente preenchidos e devolvidos. A mediana de idades dos doentes foi de 47,0 anos, sendo 18 do sexo feminino. O melhor modelo estatístico obtido identificou o ozono como a ‘causa Granger’ mais relevante para os sintomas de asma. A qualidade do modelo traduziu-se por um R2 de 0,92. A correlação entre os valores de ozono e os valores dos sintomas de asma foi mais significativa após cinco dias. Para os outros fatores identificados verificou-se um desfasamento de quatro a cinco dias.
Conclusão: No período e local estudados, os poluentes atmosféricos comportaram-se como fatores de variação da intensidade dos sintomas de asma. O nível de ozono foi o melhor fator preditivo das variações da sintomatologia. Os níveis de partículas inaláveis, com diâmetro menor que 10 μm, de monóxido de carbono e de dióxido de nitrogénio foram identificados como marcadores secundários. O desfasamento temporal entre as variáveis com melhor correlação sugere um possível efeito retardado dos poluentes sobre os sintomas respiratórios.
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