Síndromes de Deficiência Cerebral de Creatina

Autores

  • Rui Malheiro Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Coimbra. Portugal.
  • Luísa Diogo Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Coimbra. Portugal.
  • Paula Garcia Centro de Desenvolvimento Luís Borges. Hospital Pediátrico Carmona Mota. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.
  • Isabel Fineza Centro de Desenvolvimento Luís Borges. Hospital Pediátrico Carmona Mota. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.
  • Guiomar Oliveira Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Coimbra. Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.1355

Resumo

Introdução: As síndromes de deficiência cerebral de creatina (OMIM 300036) são um grupo de patologias recentemente descritas,caracterizadas por defeitos congénitos no metabolismo da creatina. A apresentação clínica compreende um espectro variado deperturbações do neurodesenvolvimento. Os baixos níveis de creatina cerebral verificados nestes doentes devem-se a diferentesmutações nos genes que codificam as enzimas de síntese da creatina [arginina:glicina amidinotransferase (AGAT, EC 2.1.4.1), emetiltransferase do ácido guanidinoacético (GAMT, EC 2.1.1.2)], AGAT e GAMT, respectivamente, ambas de transmissão autossómicarecessiva, ou o seu transportador (CT1), SLC6A8, de transmissão ligada ao cromossoma X.Objectivo: Caracterizar o espectro de apresentação clínica e laboratorial dos doentes com o diagnóstico da síndrome de deficiênciade creatina cerebral seguidos no Hospital Pediátrico Carmona da Mota, bem como a sua orientação diagnóstica e terapêutica. Adivulgação destes erros inatos do metabolismo enquanto doenças neurológicas, nomeadamente do neurodesenvolvimento, entre acomunidade médica é outro dos propósitos almejados.Material e Métodos: Análise retrospectiva dos processos clínicos de doentes com o diagnóstico de deficiência cerebral da creatinaseguidos no Hospital Pediátrico.Resultados: Foram identificados doze doentes com défice cerebral da creatina pertencentes a sete famílias. Cinco apresentam deficiênciade metiltransferase do ácido guanidinoacético e sete do transportador de creatina. Têm actualmente entre dois e 38 anos.Os principais motivos de consulta foram: atraso global de desenvolvimento em sete doentes, dois dos quais também apresentavamepilepsia, e atraso da linguagem em outros dois. Apenas num caso o motivo de consulta foi défice de interacção social e de comunicação.Em todos os casos se registou um quociente de desenvolvimento global na faixa da deficiência intelectual. O estudo imagiológicodemonstrou o padrão patognomónico destas síndromes em oito doentes. No estudo genético foram identificadas mutações nos genesGAMT ou SLC6A8 nos doze casos.Conclusões: A suspeita de deficiência de creatina cerebral deve ser considerada em todos os casos de atraso de desenvolvimentopsicomotor sem outra causa evidente. A terapêutica pré-sintomática tem mostrado resultados promissores em algumas crianças comdéfice cerebral de creatina, sobretudo nos défices de GAMT. A elevada taxa de portadores de mutações do gene GAMT em Portugaltorna esta anomalia elegível para o rastreio neonatal no nosso País.

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Publicado

2013-01-28

Como Citar

1.
Malheiro R, Diogo L, Garcia P, Fineza I, Oliveira G. Síndromes de Deficiência Cerebral de Creatina. Acta Med Port [Internet]. 28 de Janeiro de 2013 [citado 22 de Dezembro de 2024];25(6):389-98. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/1355