Radioterapia e Hormonoterapia a Título Neoadjuvante no Carcinoma Localmente Avançado da Mama: Estado da Arte
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.1359Resumo
Introdução: O cancro da mama é um problema de saúde de grande magnitude. Nos últimos anos assistimos a um aumento da incidênciae diminuição da mortalidade desta doença devido à implementação de campanhas de diagnóstico precoce e à efectividadedos tratamentos existentes. Desde há mais de um século que se conhece a evidência de que o crescimento e desenvolvimento de algunstumores depende em parte de diversos estímulos hormonais, sendo o objectivo da hormonoterapia impedir o estímulo hormonalsobre a proliferação celular, diminuindo os níveis plasmáticos das diferentes hormonas. A radioterapia, que utiliza de forma controladaradiação ionizante com fins terapêuticos, é uma das modalidades fundamentais no tratamento do cancro. De acordo com as guidelinesinternacionais, estas modalidades de tratamento, radioterapia e hormonoterapia, podem ser utilizadas no tratamento do cancro damama, tanto no contexto neoadjuvante, adjuvante como paliativo.Objectivos: Obter dados que sustentem ou não a utilização de radioterapia e hormonoterapia concomitantes a título neoadjuvante,como alternativa à quimioterapia neoadjuvante, em doentes pós menopáusicas com o diagnóstico de carcinoma localmente avançadoda mama e receptores hormonais positivos.Metodologia: Pesquisa bibliográfica na base de dados MEDLINE, e sítios de medicina baseada na evidência, utilizando os termosMeSH: Radiotherapy, Hormonotherapy, Tamoxifen, Neoadjuvante, Endocrine Therapy, Breast, de artigos publicados em qualquerdata, em Inglês, Português, Francês e Espanhol. Foi também pesquisado o Índex de Revistas Médicas Portuguesas e SociedadesCientíficas dedicadas à Oncologia.Resultados: Foram analisados 32 estudos (estudos in vitro, in vivo em animais e estudos clínicos). Verificou-se a existência de interacçãoantagonista entre a radioterapia e o tamoxifeno nos estudos in vitro, que ainda não foi confirmada nem nos estudos in vivo emanimais nem nos clínicos. Os estudos clínicos sugerem que a aplicação combinada de radioterapia e tamoxifeno aumenta o contrololocal no carcinoma ductal in situ assim como no carcinoma invasivo. Assim sendo, não demonstram que a aplicação simultânea deradioterapia e tamoxifeno seja desvantajosa, como foi sugerido nos estudos in vitro. No entanto a tolerância do tecido pulmonar para aradioterapia pode ser ligeiramente reduzida se o Tamoxifeno for administrado simultaneamente com a radioterapia, tal como o edemada mama e a sua duração podem estar aumentados. Os resultados cosméticos não foram prejudicados no tratamento combinado, àexcepção de um dos estudos onde se verificou aumento de telangiectasias e hiperpigmentação. Finalmente, no tratamento combinadoocorreu um aumento de eventos cardiovasculares (morte).Conclusões: Na literatura existem poucos estudos sobre esta problemática, a maioria dos quais com intenção adjuvante em mulherescom cancro da mama em estádios precoces, sendo os resultados inconclusivos. Existe uma grande incerteza na combinação dasduas modalidades. Não existe nenhum estudo randomizado que tenha investigado a existência de diferença no controlo local quandoa hormonoterapia é iniciado antes, durante ou após a radioterapia.
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