Problemas de Saúde Durante e Após a Viagem: Um Estudo Observacional Prospetivo Numa Consulta de Viajante em Portugal
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.14098Palavras-chave:
Antimaláricos, Diarreia, Doença Relacionada a Viagens, Malaria, Medicina do Viajante, Portugal, VacinaçãoResumo
Introdução: De forma a melhorar a saúde dos viajantes é necessário compreender os principais problemas de saúde enfrentados em diferentes destinos. O principal objetivo deste estudo foi caracterizar os problemas de saúde relatados por pessoas que recorreram a uma consulta do viajante em Lisboa durante e até seis meses após a viagem.
Material e Métodos: Este é um estudo observacional e prospetivo. Os participantes foram recrutados entre os viajantes que compareceram
na consulta entre maio de 2016 e abril de 2017, de acordo com os critérios de inclusão (idade igual ou superior a 18 anos e o tempo previsto de permanência em viagem de cinco a 90 dias). Os questionários estruturados foram aplicados por entrevistas telefónicas, três e seis meses após a chegada. Usando vários modelos de regressão logística, foram procuradas associações entre as características das viagens e dos viajantes com os problemas de saúde totais e específicos, e determinada a sua relevância.
Resultados: Dos 364 participantes que completaram o estudo, 60% tinham menos de 37 anos de idade e 87,9% tinham um curso superior. As regiões de África e da Ásia foram os destinos de viagem para 89,1% dos viajantes. Três meses após a viagem, 39,3% dos viajantes relataram algum problema de saúde nomeadamente diarreia (26,6%) e febre (12,4%). Foi diagnosticado um caso de malária 3,5 meses após o regresso. Num total de 189 viajantes para regiões com indicação para quimioprofilaxia de malária, 65,6% tiveram uma adesão completa e 6,9% procuraram cuidados de saúde, no caso de febre durante a viagem.
Discussão: A proporção de viajantes que adoeceu foi menor do que noutros estudos publicados. O não cumprimento de um método de amostragem aleatória e as características desta consulta de viajante, que apresenta um perfil específico de viajantes em termos de nível de escolaridade e capacidade de pagamento, colocam em causa a validade externa do estudo.
Conclusão: Os problemas de saúde, durante ou após a viagem, ocorreram em 39,3% dos viajantes, sendo que a diarreia é o problema mais frequente (26,6%). A não adesão a recomendações carece de melhor caracterização. É necessário realizar este tipo de estudo em viajantes que não vão a consultas de aconselhamento antes da viagem e noutros centros de medicina do viajante, de forma a melhor caracterizar os riscos de doença associados a diferentes características e destinos dos viajantes portugueses.
Downloads
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2021 Acta Médica Portuguesa
Este trabalho encontra-se publicado com a Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0.
Todos os artigos publicados na AMP são de acesso aberto e cumprem os requisitos das agências de financiamento ou instituições académicas. Relativamente à utilização por terceiros a AMP rege-se pelos termos da licença Creative Commons ‘Atribuição – Uso Não-Comercial – (CC-BY-NC)’.
É da responsabilidade do autor obter permissão para reproduzir figuras, tabelas, etc., de outras publicações. Após a aceitação de um artigo, os autores serão convidados a preencher uma “Declaração de Responsabilidade Autoral e Partilha de Direitos de Autor “(http://www.actamedicaportuguesa.com/info/AMP-NormasPublicacao.pdf) e a “Declaração de Potenciais Conflitos de Interesse” (http://www.icmje.org/conflicts-of-interest) do ICMJE. Será enviado um e-mail ao autor correspondente, confirmando a receção do manuscrito.
Após a publicação, os autores ficam autorizados a disponibilizar os seus artigos em repositórios das suas instituições de origem, desde que mencionem sempre onde foram publicados e de acordo com a licença Creative Commons