Avaliação Inicial do Impacto das Medidas de Confinamento do Estado de Emergência na Primeira Onda da Epidemia de COVID-19 em Portugal

Autores

  • Vasco Ricoca Peixoto Public Health Research Centre. NOVA National School of Public Health. Universidade NOVA de Lisboa. Lisboa. Public Health Unit. North Lisbon Health Centers. Lisbon. European Programme for Intervention Epidemiology Training (EPIET). European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC). Stockholm. Sweden.
  • André Vieira Public Health Research Centre. NOVA National School of Public Health. Universidade NOVA de Lisboa. Lisboa.
  • Pedro Aguiar Public Health Research Centre. NOVA National School of Public Health. Universidade NOVA de Lisboa. Lisboa.
  • Carlos Carvalho European Programme for Intervention Epidemiology Training (EPIET). European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC). Stockholm. Sweden. Unit for Multidisciplinary Research in Biomedicine. Abel Salazar Institute of Biomedical Sciences. Universidade do Porto. Porto.
  • Daniel Rhys Thomas European Programme for Intervention Epidemiology Training (EPIET). European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC). Stockholm. Sweden. Communicable Disease Surveillance Centre. Public Health Wales. Cardiff. United Kingdom.
  • Alexandre Abrantes Public Health Research Centre. NOVA National School of Public Health. Universidade NOVA de Lisboa. Lisboa.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.14129

Palavras-chave:

COVID-19, Infecções por Coronavírus, Pandemia, Portugal, Quarentena, SARS-CoV-2

Resumo

Introdução: Portugal tomou cedo medidas para controlar a epidemia de COVID-19, impondo medidas de confinamento a partir de 16 de março, quando registava apenas 62 casos de COVID-19 por milhão de habitantes e nenhuma morte. Os portugueses seguiram as recomendações reduzindo sua mobilidade em 80%. O objectivo deste estudo foi estimar o impacto do confinamento em Portugal com foco na redução do impacto nos serviço de saúde.
Material e Métodos: Fizemos previsões para as curvas epidémicas de casos, internamento hospitalares (geral e em unidades de cuidados intensivos) e óbitos sem confinamento, assumindo que o impacto das medidas de contenção começaria 14 dias após o início das medidas. Utilizámos modelos de alisamento exponencial para óbitos, internados em cuidados intensivos e total de internados e um modelo ARIMA para número de novos casos. Os modelos foram selecionados considerando adequação aos dados observados até 31 de março de 2020. Em seguida, comparámos as curvas observadas (com intervenção) e previstas (sem intervenção).
Resultados: Entre 1 e 15 de abril houve 146 menos mortes (-25%), 5568 menos casos (-23%) e, em 15 de abril, houve 519 menos internamentos em unidades de cuidados intensivos (-69%) e 508 menos doentes no total de internados (-28%) do que o previsto sem
confinamento. Em 15 de abril, o número de pacientes internados na unidades de cuidados intensivos poderia ter atingido 748, três vezes maior que o valor observado (229) se a intervenção tivesse sido adiada.
Discussão: Se o confinamento não tivesse sido implementado em meados de março, a capacidade de unidades de cuidados intensivos
em Portugal (528 camas) teria provavelmente sido ultrapassada na primeira quinzena de abril. O confinamento parece ter sido eficaz na redução de infeções, doença grave e mortalidade associada, diminuindo a procura de serviços de saúde.
Conclusão: Um confinamento antecipado permitiu comprar tempo para o Serviço Nacional de Saúde mobilizar recursos e adquirir equipamentos de proteção individual, aumentar a capacidade de testar e realizar rastreio de contactos, preparar-se para um aumento da procura hospitalar e de unidades de cuidados intensivos e promover amplas medidas de prevenção e controlo. Ao levantar medidas mais restritivas será importante manter uma vigilância epidemiológica e estratégias de comunicaçao robustas que mobilizem comportamentos individuais preventivos.

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Biografia Autor

Vasco Ricoca Peixoto, Public Health Research Centre. NOVA National School of Public Health. Universidade NOVA de Lisboa. Lisboa. Public Health Unit. North Lisbon Health Centers. Lisbon. European Programme for Intervention Epidemiology Training (EPIET). European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC). Stockholm. Sweden.

AA: ID#13562 Literacia em saúde,programas nacionais prioritários ,plano nacional de saúde, planos locais de saúde, cuidados de saúde primários,consumos aditivos e dependências, toxicodependencia, intervenções para mudança comportanental, alimentação, exercício e saúde, saúde mental, medicina preventiva,  resistência a antimicrobianos, vigilância epidemiológica ,Investigação e Resposta a Surtos, Controlo e prevenção ambiental de doenças infecciosas, determinantes de saúde sociais e ambientais,intervenção comunitária, qualidade da prescrição, normas de orientação clínicas: produção e avaliação, erro médico,  modelos organizacionais e de financiamento de cuidados de saúde contratualização e financiamento , burden of disease(DALYS, YLDS), ética, gestão e políticas de saúde, .Análises de custo-eficácia, custo-benefício (cost per QALYS).

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Publicado

2020-11-02

Como Citar

1.
Ricoca Peixoto V, Vieira A, Aguiar P, Carvalho C, Rhys Thomas D, Abrantes A. Avaliação Inicial do Impacto das Medidas de Confinamento do Estado de Emergência na Primeira Onda da Epidemia de COVID-19 em Portugal. Acta Med Port [Internet]. 2 de Novembro de 2020 [citado 18 de Dezembro de 2024];33(11):733-41. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/14129

Edição

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