Avaliação Inicial do Impacto das Medidas de Confinamento do Estado de Emergência na Primeira Onda da Epidemia de COVID-19 em Portugal
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.14129Palavras-chave:
COVID-19, Infecções por Coronavírus, Pandemia, Portugal, Quarentena, SARS-CoV-2Resumo
Introdução: Portugal tomou cedo medidas para controlar a epidemia de COVID-19, impondo medidas de confinamento a partir de 16 de março, quando registava apenas 62 casos de COVID-19 por milhão de habitantes e nenhuma morte. Os portugueses seguiram as recomendações reduzindo sua mobilidade em 80%. O objectivo deste estudo foi estimar o impacto do confinamento em Portugal com foco na redução do impacto nos serviço de saúde.
Material e Métodos: Fizemos previsões para as curvas epidémicas de casos, internamento hospitalares (geral e em unidades de cuidados intensivos) e óbitos sem confinamento, assumindo que o impacto das medidas de contenção começaria 14 dias após o início das medidas. Utilizámos modelos de alisamento exponencial para óbitos, internados em cuidados intensivos e total de internados e um modelo ARIMA para número de novos casos. Os modelos foram selecionados considerando adequação aos dados observados até 31 de março de 2020. Em seguida, comparámos as curvas observadas (com intervenção) e previstas (sem intervenção).
Resultados: Entre 1 e 15 de abril houve 146 menos mortes (-25%), 5568 menos casos (-23%) e, em 15 de abril, houve 519 menos internamentos em unidades de cuidados intensivos (-69%) e 508 menos doentes no total de internados (-28%) do que o previsto sem
confinamento. Em 15 de abril, o número de pacientes internados na unidades de cuidados intensivos poderia ter atingido 748, três vezes maior que o valor observado (229) se a intervenção tivesse sido adiada.
Discussão: Se o confinamento não tivesse sido implementado em meados de março, a capacidade de unidades de cuidados intensivos
em Portugal (528 camas) teria provavelmente sido ultrapassada na primeira quinzena de abril. O confinamento parece ter sido eficaz na redução de infeções, doença grave e mortalidade associada, diminuindo a procura de serviços de saúde.
Conclusão: Um confinamento antecipado permitiu comprar tempo para o Serviço Nacional de Saúde mobilizar recursos e adquirir equipamentos de proteção individual, aumentar a capacidade de testar e realizar rastreio de contactos, preparar-se para um aumento da procura hospitalar e de unidades de cuidados intensivos e promover amplas medidas de prevenção e controlo. Ao levantar medidas mais restritivas será importante manter uma vigilância epidemiológica e estratégias de comunicaçao robustas que mobilizem comportamentos individuais preventivos.
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