Deteção Precoce de COVID-19 em Portugal: Uso de Registos Clínicos
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.14593Palavras-chave:
COVID-19, Infecções por Coronavírus/diagnóstico, Pneumonia Viral/diagnóstico, Portugal, SARS-CoV-2, Vigilância de Evento SentinelaResumo
Introdução: A vigilância sindrómica permite a identificação precoce de alterações no padrão de morbilidade da população. Este estudo tem como objetivo avaliar a utilidade de indicadores relativos a cuidados de saúde primários e hospitalares, na vigilância da COVID-19.
Material e Métodos: Foi realizada uma análise de séries temporais utilizando a taxa de incidência semanal de COVID-19 em Portugal Continental, entre as semanas 14/2020 (30 março a 05 abril) e 25/2020 (15 a 21 junho), e seis indicadores: 1) consultas em cuidados de saúde primários por COVID-19; 2) número de episódios de urgência por COVID-19; 3) número de episódios de urgência por pneumonia vírica; 4) número de internamentos por pneumonia vírica; 5) proporção de episódios de urgência por pneumonia vírica face ao total de episódios de urgência por pneumonia; e 6) proporção de internamentos por pneumonia vírica face ao total de internamentos por pneumonia. Foram calculadas correlações de Pearson e correlações cruzadas.
Resultados: Foi encontrada uma correlação forte entre a taxa de incidência semanal de COVID-19 e todos os indicadores [(1) 0,76; (2) 0,82; (3) 0,77; (4) 0,84; (5) 0,86; e (6) 0,90]. Os episódios de urgência e internamento por pneumonias víricas detetam variações na frequência da doença, com uma semana de antecedência. As consultas em cuidados de saúde primários e urgências por COVID-19 registam uma semana de atraso relativamente à evolução da taxa de incidência. A proporção de pneumonias víricas face ao número de pneumonias em episódios de urgência, ou internamentos, encontra-se alinhada temporalmente com a evolução da taxa de incidência semanal de COVID-19.
Discussão: O atraso encontrado no padrão de evolução de consultas em CSP, e de episódios de urgência por COVID-19 face à incidência de COVID-19, poderá estar relacionado com a reorganização dos serviços de saúde e criação de códigos específicos para estas consultas. Episódios de urgência e internamentos por pneumonia vírica poderão ser úteis para a deteção precoce de possíveis surtos de COVID-19. Pneumonias víricas poderão ter sido classificadas como pneumonias de causa indeterminada. A monitorização futura destes indicadores é necessária de modo a averiguar se a incidência de COVID-19 é influenciada significativamente por alterações na estratégia de testagem. Os indicadores deste trabalho serão uma mais valia para a adequação de estratégias de testagem, alocação de recursos de saúde a comunidades mais vulneráveis à morbilidade severa e avaliação de programas de vacinação. Como tal, os sistemas de vigilância com base em registos de saúde serão um complemento valioso ao SINAVE.
Conclusão: Sugere-se que os indicadores em análise sejam utilizados de forma regular, com especial atenção à informação relativa a pneumonias víricas, como forma de detetar precocemente surtos de COVID-19. A informação relativa a pneumonias de causa indeterminada poderá ser considerada na monitorização da COVID-19.
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