Deteção Precoce de COVID-19 em Portugal: Uso de Registos Clínicos

Autores

  • Ana Rita Torres Departamento de Epidemiologia. Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. Lisboa.
  • Susana Silva Departamento de Epidemiologia. Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. Lisboa.
  • Irina Kislaya Departamento de Epidemiologia. Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. Lisboa. Centro de Investigação em Saúde Pública. Escola Nacional de Saúde Pública. Universidade NOVA de Lisboa. Lisboa. Comprehensive Health Research Center. Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa. Lisboa.
  • João Pedro Martins Advanced Analytics and Intelligence Unit. Direção Sistemas de informação. Serviços Partilhados do Ministério da Saúde. Lisboa.
  • Carlos Matias Dias Departamento de Epidemiologia. Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. Lisboa. Centro de Investigação em Saúde Pública. Escola Nacional de Saúde Pública. Universidade NOVA de Lisboa. Lisboa. Comprehensive Health Research Center. Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa. Lisboa.
  • Ana Paula Rodrigues Departamento de Epidemiologia. Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. Lisboa.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.14593

Palavras-chave:

COVID-19, Infecções por Coronavírus/diagnóstico, Pneumonia Viral/diagnóstico, Portugal, SARS-CoV-2, Vigilância de Evento Sentinela

Resumo

Introdução: A vigilância sindrómica permite a identificação precoce de alterações no padrão de morbilidade da população. Este estudo tem como objetivo avaliar a utilidade de indicadores relativos a cuidados de saúde primários e hospitalares, na vigilância da COVID-19.
Material e Métodos: Foi realizada uma análise de séries temporais utilizando a taxa de incidência semanal de COVID-19 em Portugal Continental, entre as semanas 14/2020 (30 março a 05 abril) e 25/2020 (15 a 21 junho), e seis indicadores: 1) consultas em cuidados de saúde primários por COVID-19; 2) número de episódios de urgência por COVID-19; 3) número de episódios de urgência por pneumonia vírica; 4) número de internamentos por pneumonia vírica; 5) proporção de episódios de urgência por pneumonia vírica face ao total de episódios de urgência por pneumonia; e 6) proporção de internamentos por pneumonia vírica face ao total de internamentos por pneumonia. Foram calculadas correlações de Pearson e correlações cruzadas.
Resultados: Foi encontrada uma correlação forte entre a taxa de incidência semanal de COVID-19 e todos os indicadores [(1) 0,76; (2) 0,82; (3) 0,77; (4) 0,84; (5) 0,86; e (6) 0,90]. Os episódios de urgência e internamento por pneumonias víricas detetam variações na frequência da doença, com uma semana de antecedência. As consultas em cuidados de saúde primários e urgências por COVID-19 registam uma semana de atraso relativamente à evolução da taxa de incidência. A proporção de pneumonias víricas face ao número de pneumonias em episódios de urgência, ou internamentos, encontra-se alinhada temporalmente com a evolução da taxa de incidência semanal de COVID-19.
Discussão: O atraso encontrado no padrão de evolução de consultas em CSP, e de episódios de urgência por COVID-19 face à incidência de COVID-19, poderá estar relacionado com a reorganização dos serviços de saúde e criação de códigos específicos para estas consultas. Episódios de urgência e internamentos por pneumonia vírica poderão ser úteis para a deteção precoce de possíveis surtos de COVID-19. Pneumonias víricas poderão ter sido classificadas como pneumonias de causa indeterminada. A monitorização futura destes indicadores é necessária de modo a averiguar se a incidência de COVID-19 é influenciada significativamente por alterações na estratégia de testagem. Os indicadores deste trabalho serão uma mais valia para a adequação de estratégias de testagem, alocação de recursos de saúde a comunidades mais vulneráveis à morbilidade severa e avaliação de programas de vacinação. Como tal, os sistemas de vigilância com base em registos de saúde serão um complemento valioso ao SINAVE.
Conclusão: Sugere-se que os indicadores em análise sejam utilizados de forma regular, com especial atenção à informação relativa a pneumonias víricas, como forma de detetar precocemente surtos de COVID-19. A informação relativa a pneumonias de causa indeterminada poderá ser considerada na monitorização da COVID-19.

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Publicado

2021-03-01

Como Citar

1.
Torres AR, Silva S, Kislaya I, Martins JP, Matias Dias C, Rodrigues AP. Deteção Precoce de COVID-19 em Portugal: Uso de Registos Clínicos. Acta Med Port [Internet]. 1 de Março de 2021 [citado 27 de Novembro de 2024];34(3):176-84. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/14593

Edição

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