Surto de Infeção em Portugal por Parechovirus Genótipo 3 em Pequenos Lactentes
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.15032Palavras-chave:
Doenças Transmissíveis Emergentes, Infecções por Picornaviridae, Lactentes, Parechovirus, PortugalResumo
Introdução: O parechovirus humano tipo 3 tem sido reconhecido como causa de infeção em idade pediátrica, ocasionalmente associado a doença grave, incluindo sépsis e meningite, particularmente em pequenos lactentes. Foi objectivo deste estudo descrever o primeiro surto conhecido de infeção por parechovirus humano tipo 3 em Portugal.
Material e Métodos: Estudo descritivo de um surto ocorrido entre 8 de junho a 12 de agosto de 2016. O diagnóstico laboratorial foi realizado por transcriptase reversa - reação em cadeia da polimerase no líquido cefalorraquidiano e/ou nas fezes. A genotipagem foi efetuada no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, por transcriptase reversa - reação em cadeia da polimerase e sequenciação, em amostras de fezes dos lactentes e seus familiares.
Resultados: Foi detetada infeção por parechovirus humano tipo 3 em sete lactentes, seis dos quais do sexo masculino, mediana de idade de 23 dias (5 - 52). Uma lactente apresentou convulsões, com múltiplas lesões da substância branca na ressonância magnética nuclear. A duração média de internamento foi de 5,6 dias (3 - 11), com evolução favorável em todos. Em três casos havia familiares próximos sintomáticos. Em três mães foi identificado parechovirus humano tipo 3 nas fezes.
Discussão: Embora a infeção por parechovirus humano tipo 3 esteja bem descrita neste grupo etário, a maior parte dos hospitais portugueses não dispõe deste diagnóstico laboratorial. Os resultados obtidos foram semelhantes aos verificados noutros países. Apesar da deteção do vírus no líquido cefalorraquidiano, destaca-se a ausência de resposta inflamatória local ou sistémica.
Conclusão: Este estudo reporta o primeiro surto conhecido de infeção por parechovirus humano tipo 3 ocorrido em Portugal em pequenos lactentes. Apesar de não existir tratamento específico, este diagnóstico poderá evitar poderá evitar antibioterapia e internamentos prolongados.
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