Abordagem Clínica e Terapêutica de Doentes Internados por COVID-19: Uma Coorte Pediátrica em Portugal
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.15360Palavras-chave:
Antivirais/uso terapêutico, COVID-19, Criança, Portugal, SARS-CoV-2Resumo
Introdução: A infeção SARS-CoV-2 em idade pediátrica cursa maioritariamente com doença ligeira. No entanto, pode ocorrer doença grave, ainda que com menor frequência. Atualmente, os benefícios das terapêuticas antivirais experimentais ainda são incertos. O objetivo deste estudo consiste em descrever a experiência de um hospital terciário no tratamento de crianças internadas por COVID-19 e caracterizar a clínica e evolução.
Material e Métodos: Estudo descritivo em doentes até aos 18 anos de idade, internados com COVID-19 num hospital pediátrico de nível III em Portugal, de março a junho de 2020. Os fármacos antivirais foram administrados em regime de off-label.
Resultados: Identificaram-se 200 casos de infeção SARS-CoV-2, dos quais 37 foram internados com COVID-19. A idade mediana foi de um ano (23 dias - 18 anos), 43% apresentavam comorbilidades e 20/37 (54%) receberam terapêutica antiviral. A hidroxicloroquina foi administrada em 13 doentes em monoterapia ou associada a lopinavir/ritonavir ou azitromicina. O lopinavir/ritonavir foi utilizado em oito doentes e três doentes receberam remdesivir. O tratamento antiviral foi aplicado a doentes com pneumonia (14), sépsis (2), síndrome inflamatório multisistémico pediátrico (2), síndrome dificuldade respiratória aguda (1), miocardite (1) e crianças com doença ligeira e comorbilidades (3). Realizaram-se também outras terapêuticas que incluíram metilprednisolona e imunoglobulina (3), enoxaparina (2), antibióticos (16), oxigenoterapia (7) e broncodilatadores e corticoides inalados (16).
Discussão: Diversas abordagens terapêuticas têm sido sugeridas para casos graves de COVID-19, embora nenhuma seja até à data considerada eficaz, ou esteja aprovada em crianças pequenas. Atualmente, o remdesivir está aprovado para idades superiores a 12 anos. Apesar de 54% dos nossos doentes terem sido tratados com antivirais, é importante compreender que a evolução favorável poderá ter estado associada à evolução natural da doença.
Conclusão: Uma percentagem significativa da população apresentou doença grave a crítica, com necessidade de internamento e tratamento, este último definido com base nas recomendações da comunidade científica à data, embora a maioria apresentasse doença ligeira. O tratamento da COVID-19 em idade pediátrica é um desafio, sendo urgente realizar ensaios clínicos relativos a esta matéria.
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