Animais Venenosos em Território Português: Abordagem Clínica de Picadas e Mordeduras

Autores

  • Sofia R. Valdoleiros Serviço de Doenças Infeciosas. Centro Hospitalar Universitário de São João. Porto. https://orcid.org/0000-0003-4283-7549
  • Inês Correia Gonçalves Serviço de Doenças Infeciosas. Centro Hospitalar Universitário do Porto. Porto.
  • Carolina Silva Serviço de Doenças Infeciosas. Centro Hospitalar Universitário do Porto. Porto.
  • Diogo Guerra Serviço de Doenças Infeciosas. Centro Hospitalar Universitário do Porto. Porto.
  • Lino André Silva Serviço de Doenças Infeciosas. Centro Hospitalar Universitário do Porto. Porto.
  • Fernando Martínez-Freiría CIBIO/InBIO - Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos. Universidade do Porto. Vairão.
  • Fátima Rato Centro de Informação Antivenenos. Instituto Nacional de Emergência Médica. Lisboa.
  • Sandra Xará Serviço de Doenças Infeciosas. Centro Hospitalar Universitário do Porto. Porto.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.15589

Palavras-chave:

Animais, Mordeduras e Picadas, Mordeduras por Serpentes, Picadas por aranhas, Picadas por Escorpiões, Portugal, Veneno, Venenos de Serpentes

Resumo

Em território português, existem várias espécies autóctones de animais capazes de provocar envenenamento e doença clinicamente significativa, com potencial de gravidade. Das quatro espécies de serpentes com relevância clínica, as víboras (Vipera latastei e Vipera seoanei) são as mais preocupantes; podem causar doença grave e necessitam de abordagem hospitalar, monitorização e tratamento específico, incluindo soro antiveneno. As serpentes Malpolon monspessulanus e Macroprotodon brevis causam maioritariamente manifestações clínicas locais, sem tratamento específico. Apenas uma minoria das espécies de aranha presentes em Portugal possui quelíceras (apêndices bucais dos Chelicerata, em forma de tenaz ou gancho, que podem conter veneno ou encontrar-se ligados às glândulas venenosas, usados para predação ou captura de alimentos) suficientemente compridas para perfurar a pele humana, mas as picadas de Latrodectus tredecimguttatus e Loxosceles rufescens podem implicar tratamento diferenciado em ambiente hospitalar, com necessidade de vigilância ativa. O tratamento da picada das centopeias Scolopendra cingulata e Scolopendra oraniensis é sintomático. A única espécie de escorpião presente em território nacional, Buthus ibericus, causa geralmente sintomas locais com dor intensa; o tratamento habitualmente baseia-se apenas na administração de analgesia. Os insetos da ordem Hymenoptera, como as abelhas e vespas, possuem capacidade de libertar veneno através de picadas; a maior parte dos indivíduos apresenta apenas reações inflamatórias locais ou regionais, para as quais a aplicação de medidas sintomáticas é suficiente, mas indivíduos que apresentem hipersensibilidade ao veneno podem desenvolver reações anafiláticas. Na costa portuguesa e em águas pouco profundas, encontram-se várias espécies marinhas venenosas para os humanos, como Echiichthys vipera (peixe-aranha comum), Dasyatis pastinaca, Taeniura grabata e Myliobatis aquila (ratões), Scorpaena scrofa (rascasso-vermelho), Pelagia noctiluca, Chrysaora hysoscella e Physalia physalis (cnidários) e Hermodice carunculata (verme-do-fogo), cujas picadas necessitam apenas de tratamento sintomático. O contacto com as larvas ou cerdas (estruturas quitinosas com funções locomotoras ou tácteis) de Thaumetopoea pityocampa (lagarta-do-pinheiro) pode provocar reações cutâneas, oculares e, raramente, respiratórias; a sua abordagem também é sintomática.

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Publicado

2021-11-02

Como Citar

1.
Valdoleiros SR, Gonçalves IC, Silva C, Guerra D, Silva LA, Martínez-Freiría F, Rato F, Xará S. Animais Venenosos em Território Português: Abordagem Clínica de Picadas e Mordeduras. Acta Med Port [Internet]. 2 de Novembro de 2021 [citado 30 de Junho de 2024];34(11):784-95. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/15589

Edição

Secção

Normas de Orientação