O que Leva à Recusa de um Doente Para Cirurgia de Ambulatório? Um Modelo Preditivo de Regressão Logística Baseado numa Análise Retrospetiva de Cinco Anos de Doentes com Hérnia da Parede Abdominal

Autores

  • João Oliveira Serviço de Cirurgia Geral. Centro Hospitalar Universitário do Porto. Porto.
  • Sandra F. Ramos Laboratório de Engenharia Matemática. Instituto Superior de Engenharia do Porto. Instituto Politécnico do Porto. Porto. Centro de Estatística e Aplicações. Universidade de Lisboa. Lisboa.
  • Manuel B. Cruz Laboratório de Engenharia Matemática. Instituto Superior de Engenharia do Porto. Instituto Politécnico do Porto. Porto.
  • Isabel Novais Serviço de Cirurgia Geral. Centro Hospitalar Universitário do Porto. Porto. Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Universidade do Porto. Porto.
  • Carlos Magalhães Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Universidade do Porto. Porto. Centro Integrado de Cirurgia de Ambulatório. Centro Hospitalar Universitário do Porto. Porto.
  • Marisa Santos Serviço de Cirurgia Geral. Centro Hospitalar Universitário do Porto. Porto. Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Universidade do Porto. Porto. Unidade de Cirurgia Colorretal. Centro Hospitalar Universitário do Porto. Porto.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.15733

Palavras-chave:

Modelos Logísticos, Procedimentos Cirúrgicos Ambulatórios, Selecção de Doentes

Resumo

Introdução: A cirurgia de ambulatório tem benefícios comprovados no bem-estar dos doentes e na redução de custos dos sistemas de saúde. Porém, alguns doentes referenciados para cirurgia de ambulatório são recusados e encaminhados para internamento. Os motivos desta recusa ainda não foram estudados. Neste trabalho identificámos, retrospectivamente, variáveis significativas na recusa dos doentes e fornecemos uma ferramenta matemática capaz de prever de forma precisa aqueles que serão rejeitados.
Material e Métodos: Ao longo de cinco anos (2014 - 2018), todos os doentes submetidos a correção cirúrgica de hérnia abdominal em regime de internamento no nosso centro hospitalar previamente recusados para cirurgia de ambulatório foram analisados para um total de 94 variáveis. Um modelo de regressão logística multivariada foi desenvolvido para identificar os fatores de risco para recusa usando dados de 136 doentes (65 recusados vs 71 aceites). Um índice preditivo para recusa de cirurgia em ambulatório, IRAS, foi criado e testado (n = 62 doentes).
Resultados: O IRAS incluiu cinco fatores de risco significativos: diabetes mellitus tipo 2 [OR 14,669 (2,982; 72,154)], estado físico [OR 49,155 (15,532; 155,555)], neoplasia maligna prévia [OR 14,518 (2,653; 79,441)], cirurgia abdominal prévia [OR 3,455 (1,006; 11,866)] e uso de agentes antiplaquetários [OR 25,600 (4,309; 152,066)]. Todos os fatores de risco foram associados a elevado risco de recusa (OR entre 3,455 para história de cirurgia abdominal prévia e 49,155 de acordo com a classificação do estado físico segundo a American Society of Anaesthesiologists). A definição de cinco pontos como a pontuação máxima do IRAS que prevê adequação para cirurgia de ambulatório resultou num valor preditivo positivo de 93,55% e um valor preditivo negativo de 87,10%.
Conclusão: O índice IRAS é uma ferramenta útil que pode contribuir para a redução dos tempos de espera e melhorar a qualidade de vida dos doentes.

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Publicado

2022-03-02

Como Citar

1.
Oliveira J, Ramos SF, Cruz MB, Novais I, Magalhães C, Santos M. O que Leva à Recusa de um Doente Para Cirurgia de Ambulatório? Um Modelo Preditivo de Regressão Logística Baseado numa Análise Retrospetiva de Cinco Anos de Doentes com Hérnia da Parede Abdominal. Acta Med Port [Internet]. 2 de Março de 2022 [citado 26 de Setembro de 2024];35(3):184-91. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/15733

Edição

Secção

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