Índice de Massa Corporal e Ganho Ponderal Associado a Complicações Obstétricas e Neonatais na Diabetes Gestacional
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.15896Palavras-chave:
Complicações na Gravidez, Diabetes Gestacional, Ganho de Peso na Gestação, Índice de Massa Corporal, Período Pós-Parto, Recém-NascidoResumo
Introdução: A diabetes gestacional é uma condição que predispõe a complicações maternas durante a gravidez e ao recém-nascido. Este estudo visa analisar o impacto do índice de massa corporal e do ganho ponderal durante a gravidez na ocorrência de complicações obstétricas e neonatais das diabéticas gestacionais.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo de coorte que envolveu 13 467 grávidas com gestações únicas e diagnosticadas com diabetes gestacional, entre 2014 e 2018, em Portugal. A amostra foi distribuída de acordo com os critérios da Organização Mundial da Saúde para as categorias de índice de massa corporal (baixo peso, normal, excesso de peso e obesidade) e de acordo com as guidelines do Instituto de Medicina Americano para ganho ponderal gestacional (adequado, insuficiente ou excessivo). Foram usados modelos de regressão binomial e multinomial para determinar os fatores de risco de complicações na diabetes gestacional. A análise estatística foi realizada a partir do SPSS versão 25.
Resultados: Excesso ponderal e obesidade pré-gestacionais aumentaram o risco de morbilidade maternal (aOR: 1,31 e aOR: 2,42), hipertensão gestacional (aOR: 1,56 e aOR: 2,79) e realização de cesarianas (aOR: 1,22 e aOR: 1,77), contudo diminuíram o risco para recém-nascidos pequenos para idade gestacional [aOR: 0,73; aOR: 0,64 (curvas Fenton) e aOR: 0,69; aOR: 0,66 (curvas portuguesas)]. A obesidade esteve associada a um risco aumentado de eventos de pré-eclampsia (aOR: 3,05), síndrome de dificuldade respiratória neonatal (aOR: 1,69), internamentos em cuidados intensivos neonatais (aOR: 1,54), macrossomia (aOR: 2,18) e grandes para idade gestacional [aOR: 2,03 (Fenton) e aOR: 1,87 (portuguesas)] e foi associada a menor risco de recém-nascidos com baixo peso à nascença (aOR: 0,62). O ganho ponderal insuficiente estava associado a um risco mais baixo de hipertensão gestacional (aOR: 0,69), pré-eclampsia (aOR: 0,44), cesarianas (aOR: 0,81) e grandes para idade gestacional (aOR: 0,74 [portuguesas]) e esteve associado a maior risco de baixo peso à nascença (aOR: 1,36) e pequeno para idade gestacional [aOR: 1,40 (Fenton)]. O ganho ponderal excessivo teve maior associação com hipertensão gestacional (aOR: 1,53), hidrâmnios (aOR: 2,05), macrossomia (aOR: 2,02) e grandes para idade gestacional [aOR: 1,94 (Fenton) e aOR: 1,92 (portuguesas)].
Conclusão: Tanto o excesso de peso e obesidade pré-gestacional, como o ganho ponderal excessivo estiveram associados a um risco aumentado de determinadas complicações obstétricas e neonatais. É fundamental apresentar uma vigilância na preconceção apropriada e um acompanhamento apertado da gravidez de modo a reduzir os riscos associados e a predisposição destes recém-nascidos a patologias diversas.
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