Modelação da Contribuição de Fatores Influenciadores do Risco de Infeção por SARS-CoV-2 em Ambientes Interiores
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.15982Palavras-chave:
Aerossóis, COVID-19, Fatores de Risco, Qualidade do Ar Interior, SARS-CoV-2, VentilaçãoResumo
Introdução: O presente trabalho estima o risco de infeção por SARS-CoV-2 em ambientes interiores onde a elevada densidade de ocupação resulta numa probabilidade acrescida de contágio, como escolas, escritórios, supermercados, restaurantes e ginásios.
Material e Métodos: Foram testadas várias condições nos espaços interiores, tais como a utilização e eficácia de máscaras, a ventilação, a utilização de equipamentos que permitem uma assepsia do ar recorrendo a filtros HEPA, a densidade de ocupação e o tempo de permanência nos espaços, tendo sido utilizado um modelo baseado na dispersão de partículas de aerossóis em espaços fechados e na acumulação e inalação destas partículas ao longo do tempo.
Resultados: Os resultados mostraram que a substituição de máscaras sociais por máscaras com classificação FFP2 diminuiu o risco de infeção em 90% nas escolas. Em escolas com ventilação natural, a abertura das janelas na sua totalidade reduziu o risco de infeção em 64% comparativamente com o cenário de janelas fechadas. Nos espaços onde a ventilação mecânica é normalmente utilizada, a probabilidade de infeção reduziu significativamente quando os caudais de ar novo regulamentares foram duplicados (redução de 32% nos escritórios, 42% nos restaurantes, 24% nos supermercados e 46% nos ginásios). A filtragem de ar com filtros HEPA permitiu a redução da probabilidade de infeção em 72% nas escolas, escritórios e restaurantes e 61% nos ginásios. O tempo de permanência nos espaços foi também um fator relevante na variação da probabilidade de infeção, principalmente nas escolas onde se verificou que aulas mais curtas e com um maior número de intervalos reduzem o risco de infeção.
Discussão: Os resultados evidenciam a importância de uma adequada ventilação em ambientes fechados, principalmente em locais onde a densidade de ocupação e os tempos de permanência são mais longos, sendo essencial a introdução de ar exterior no interior dos espaços, seja através de meios naturais ou mecânicos. É expectável que os valores de risco de infeção apresentados ao longo do trabalho estejam subvalorizados pelo facto do modelo utilizado apenas considerar a transmissão por partículas inferiores a 10 μm e por, ao assumir o distanciamento social, não incluir a transmissão de curto alcance. A vacinação não foi considerada no modelo pelo facto de ainda não estar disponível quando o trabalho foi realizado.
Conclusão: Este estudo vem contribuir para a identificação de medidas que permitem um menor risco de transmissão viral, e consequentemente, uma maior segurança no interior dos espaços fechados.
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