Métodos de Colheita de Amostras e Estratificação de Risco Relativo à Contaminação Ambiental pelo SARS-CoV-2
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.16215Palavras-chave:
Aerossóis, Contaminação de Equipamentos, COVID-19, SARS-CoV-2Resumo
Introdução: A transmissão da COVID-19 através do contacto e gotículas está bem estabelecida, mas a importância da sua transmissão através do aerossol e da contaminação das superfícies permanece por determinar. A literatura é escassa e inconsistente em relação à distância mínima livre de partículas víricas, desde um paciente, e também acerca dos mais adequados métodos de colheita de zaragatoas para avaliação da contaminação das superfícies. Os objectivos deste estudo foram avaliar qual o método mais sensível para avaliação da contaminação de superfícies, classificar a contaminação ambiental de acordo com zonas de risco e comparar a contaminação ambiental sob diferentes dispositivos para oxigenoterapia e suporte ventilatório.
Material e Métodos: Realizamos colheitas de zaragatoas em superfícies potencialmente contaminadas numa ala COVID-19, onde se encontravam doentes sob diferentes dispositivos para oxigenoterapia e suporte ventilatório. Para avaliar o método de recolha mais sensível para verificação da contaminação das superfícies, comparámos três tipos de zaragatoas. Para a classificação das zonas de risco, dividimos as áreas de acordo com a distância ao doente.
Resultados: Das 63 zaragatoas, 17 (27%) testaram positivo para SARS-CoV-2 (27%). A maior positividade foi observada na zaragatoa estéril pré-humedecida com soro fisiológico (n = 8; 38%), mas sem significância estatística. O maior número de amostras positivas obteve-se nas zonas de alto risco, especialmente aquelas a um metro do paciente (n = 13; 48%), com diferenças significativas. Apenas os quartos dos doentes sob ventilação não invasiva e cânula nasal de alto fluxo tiveram evidência de contaminação com 45% e 27% de positividade das zaragatoas, e significância estatística.
Discussão: Os nossos resultados favorecem a zaragatoa estéril pré-humedecida sem meio de preservação para avaliação da contaminação das superfícies, embora sem significância estatística. Os resultados suportam também com significância estatística a divisão em zonas de risco de acordo com a distância ao doente. A maior positividade obtida nos quartos dos pacientes que se encontravam a utilizar ventilação não invasiva e cânula nasal de alto fluxo sugere uma associação, com significância, entre as estratégias ventilatória e a contaminação ambiental, provavelmente relacionada com uma maior dispersão das partículas.
Conclusão: Os nossos resultados apoiam o uso da zaragatoa estéril pré-humedecida sem meio de preservação, a classificação das áreas de risco considerando a distância ao doente, e a variabilidade da dispersão do RNA entre diferentes dispositivos para oxigenoterapia e ventilação.
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