O Instrumento de Avaliação do Risco Genético Psicossocial (GPRI): Estudo de Validação para Português Europeu
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.16497Palavras-chave:
Aconselhamento Genético, Estudo de Validação, Psico-Oncologia, Psicometria, Síndromes Neoplásicas Hereditárias, Teste Genético, TraduçãoResumo
Introdução: A literatura tem apontado a necessidade de instrumentos de rastreio de risco psicossocial desenvolvidos especificamente para o contexto do teste genético. No entanto, de acordo com o nosso melhor conhecimento, não existe nenhum instrumento com estas características que esteja validado para a língua portuguesa. Este artigo apresenta o processo de tradução, adaptação e validação do Instrumento de Risco Psicossocial Genético numa amostra de 207 utentes convidados à realização de testes genéticos no contexto de risco de cancro hereditário.
Material e Métodos: Os participantes são maioritariamente do sexo feminino (84,06%), com média de idade de 40,08 (DP = 12,89) e foram recrutados no Instituto Português de Oncologia do Porto. Foi realizada uma análise fatorial confirmatória para estudar a estrutura fatorial do Instrumento de Risco Genético Psicossocial. A validade convergente foi avaliada com a Escala de Impacto de Eventos, a Escala da Avaliação de Rotina de Resultado Clínico - Medida de Resultado e a Escala de Ansiedade e Depressão Hospitalar.
Resultados: Confirmou-se um modelo composto pelos fatores ‘Impacto Interno do Teste Genético’, ‘Impacto Externo do Teste Genético’ e ‘Histórico de Preocupações com a Saúde Mental’. Estes fatores apresentaram boa consistência interna, validade convergente e discriminante. O fator ‘Perda Pessoal para o Cancro’ proposto nas versões Canadiana e Francesa não convergiu. Propomos excluir este fator da versão portuguesa da escala.
Conclusão: A versão portuguesa do Instrumento de Risco Genético Psicossocial é um instrumento confiável e válido, embora seja necessária mais investigação para que seja integrado efetivamente na prática de rotina.
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