Rastreio do Cancro do Pulmão: Tomografia Computadorizada Torácica de Baixa Dose Realizada numa População Portuguesa de Alto Risco
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.16847Palavras-chave:
Deteção Precoce da Neoplasia, Neoplasias do Pulmão/diagnóstico por imagem, Tabaco/efeitos adversos, Tomografia Computorizada, Urânio/efeitos adversosResumo
Introdução: As minas da Urgeiriça foram, no passado, o principal produtor de urânio em Portugal. O objetivo deste estudo foi estimar o benefício da tomografia computorizada de baixa dose (TCBD) no rastreio do cancro do pulmão em ex-mineiros considerados como grupo de alto risco.
Métodos: Ex-mineiros da Companhia Nacional de Urânio com exposição a urânio e carga tabágica superior a 20 unidades maço ano, concordaram realizar uma TCBD. As recomendações da Sociedade Fleischner foram utilizadas na classificação dos nódulos e no estabelecimento do follow-up.
Resultados: Duzentos e sessenta e cinco ex-trabalhadores da Companhia Nacional de Urânio foram incluídos. O tempo médio de trabalho nas minas foi 15 (0 - 45) anos. Os não-fumadores representavam 50,9%, 30,2% referiram fumar ou ter fumado e os restantes não responderam. Foi diagnosticado inicialmente um caso de cancro do pulmão. Numa segunda fase, entre os 66 ex-mineiros rastreados foram identificados 37 com nódulos pulmonares, a maioria com nódulo único (n = 13) e tamanho médio de 5 (1 - 16) mm. Um nódulo espiculado de 16 mm foi avaliado por PET/TC, e por biópsia transtorácica e cirúrgica, revelando uma lesão benigna.
Conclusão: Os dados destacam a importância do rastreio em populações de alto risco. Este foi, tanto quanto é do nosso conhecimento, o primeiro estudo realizado em Portugal, e pode atuar como ponte para uma ampla implementação no país.
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