Prevalência de Anticorpos Contra SARS-CoV-2 na População Residente no Município Português de Vila Nova de Gaia após a Primeira Onda da Pandemia
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.17676Palavras-chave:
Anticorpos Antivirais, COVID-19, Estudos Seroepidemiológicos, Portugal, SARS-CoV-2, Vigilância EpidemiológicaResumo
Introdução: A estimativa da seroprevalência de SARS-CoV-2 pode detetar a real disseminação do vírus uma vez que os dados sobre anticorpos podem permitir determinar a evolução da infeção ao longo do tempo. Em Portugal, os estudos serológicos existentes têm sido utilizados sobretudo para testar novos métodos, sendo, no entanto, realizados com amostras de pequena dimensão. Além disso, estes estudos não se têm focado nas regiões geográficas com o maior número de casos de infeção. Este estudo teve como principal objetivo estimar a prevalência serológica de SARS-CoV-2 em Vila Nova de Gaia, Portugal, o município mais populoso do norte do país e um dos mais afetados pela primeira onda da pandemia.
Material e Métodos: Estudo observacional transversal conduzido entre 23 de junho e 17 de julho de 2020. Foram incluídos adultos, com idades compreendidas entre os 18 e os 74 anos, de ambos os sexos, residentes numa das 15 freguesias do município de Vila Nova de Gaia. Foi seguida uma amostragem com recurso a uma abordagem não probabilística por quotas. Casos de indivíduos com um diagnóstico prévio de COVID-19 com teste RT-PCR foram excluídos. Os dados sociodemográficos e clínicos foram recolhidos através de questionário autopreenchido, em papel. Foram ainda recolhidas amostras de sangue para análise laboratorial serológica para deteção e quantificação de anticorpos anti-IgG contra SARS-CoV-2.
Resultados: Foram testados 2754 participantes. Os nossos resultados mostram uma seroprevalência de SARS-CoV-2 de 3,03% (intervalo de confiança 95%: 2,37 – 3,87%). Ser fumador (OR: 0,382, intervalo de confiança 95%: 0,147 – 0,99) e apresentar sintomas de COVID-19 (OR: 2,480, intervalo de confiança 95%: 1,36 – 4,522) foram observados como estando associados a menor e maior probabilidade de presença de anticorpos SARS-CoV-2, independentemente do desenho analítico. Sem ajustamento para qualquer variável, o contacto com uma pessoa infetada dentro do domicílio (OR: 9,684, intervalo de confiança 95%: 4,06 - 23,101) esteve associado com aumento da chance de ter um teste positivo. Após ajustamento, ter doenças crónicas autorreportadas (OR: 0,448, intervalo de confiança 95%: 0,213 - 0,941) esteve associada à diminuição da chance de ter um teste COVID-19 positivo.
Conclusão: Este foi o primeiro estudo a estimar a prevalência serológica do SARS-CoV-2 num dos municípios mais populosos de Portugal, constituindo o primeiro passo para o desenvolvimento de um sistema de vigilância epidemiológica em Portugal, que pode ajudar a melhorar o diagnóstico da COVID-19.
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