Doença de Pompe Juvenil: Estudo Retrospetivo de Casuística Clínica

Autores

  • Filipa Loureiro Neves Faculdade de Medicina. Universidade de Coimbra. Coimbra. Portugal.
  • Paula Cristina Garcia Centro de Desenvolvimento Luís Borges. Hospital Pediátrico Carmona da Mota. Centro Hospitalar Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.
  • Núria Madureira Serviço de Pediatria Médica. Hospital Pediátrico Carmona da Mota. Centro Hospitalar Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.
  • Henriqueta Araújo Centro de Desenvolvimento Luís Borges. Hospital Pediátrico Carmona da Mota. Centro Hospitalar Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.
  • Fidjy Rodrigues Serviço de Genética Médica. Hospital Pediátrico Carmona da Mota. Centro Hospitalar Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.
  • Maria Helena Estêvão Serviço de Pediatria Médica. Hospital Pediátrico Carmona da Mota. Centro Hospitalar Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.
  • Lúcia Lacerda Laboratório de Enzimologia. Centro de Genética Médica. Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. Porto. Portugal.
  • Luísa Maria Diogo Matos Centro de Desenvolvimento Luís Borges. Hospital Pediátrico Carmona da Mota. Centro Hospitalar Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.180

Resumo

Introdução: A doença de Pompe ou glicogenose tipo II é uma doença autossómica recessiva por deficiência de maltase ácida. É uma entidade rara, com prevalência de 1/40.000 nas populações holandesa e afro-americana e 1/46000 na população australiana. Embora se distingam três formas de apresentação (infantil, juvenil e do adulto), observa-se um amplo espectro clínico. Em Portugal está disponível terapêutica enzimática de substituição desde 2006.
Material e Métodos: Fez-se o estudo retrospetivo de quatro doentes (duas das quais irmãs), baseado na revisão dos processos clínicos.
Resultados: Em todas, a doença manifestou-se no segundo ano de vida. O tempo até ao diagnóstico variou entre dois e onze anos. Aquando do diagnóstico, todas apresentavam miopatia com atraso de aquisições motoras e em duas havia hipertrofia miocárdica. A suspeita clínica surgiu por insuficiência respiratória em contexto infeccioso em duas doentes. Em todas havia elevação da creatina quinase e das aminotransferases. Todas evoluíram com insuficiência respiratória crónica por síndrome restritiva. O diagnóstico foi baseado na diminuição da atividade da maltase ácida em fibroblastos (0 a 1,5% do limite inferior do normal). Na biópsia muscular, realizada em três doentes, demonstrou-se acumulação lisossómica de glicogénio. Todas apresentavam a mutação c.1064T > C no exão 6 do gene GAA (glucosidase-alpha-acid), em homozigotia numa delas, associada às mutações c.1666A > G no exão 12 e c.2065G > A no exão 15 nas duas irmãs e à mutação c.380G > T no exão 2 na doente mais nova. Todas iniciaram terapia enzimática de substituição
logo que disponível, com boa tolerância. A doente mais jovem faleceu pouco depois. As outras mantêm medidas de suporte
ventilatório e fisioterapia, deslocando-se a mais velha, em cadeira de rodas, mantendo a irmã marcha independente e necessitando a mais nova de andarilho.
Conclusão: Os nossos casos incluem-se clinicamente na forma juvenil da doença de Pompe. A hipótese de doença de Pompe deve ser considerada em lactentes com miocardiopatia e nas miopatias progressivas, especialmente as das cinturas e dos músculos respiratórios em qualquer idade. A elevação da creatina quinase é um dado sensível, embora inespecífico. Dada a grande variabilidade dos achados genéticos, a demonstração da redução da atividade da maltase ácida continua a ser o pilar do diagnóstico.

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Biografias Autor

Filipa Loureiro Neves, Faculdade de Medicina. Universidade de Coimbra. Coimbra. Portugal.

Paula Cristina Garcia, Centro de Desenvolvimento Luís Borges. Hospital Pediátrico Carmona da Mota. Centro Hospitalar Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.

Núria Madureira, Serviço de Pediatria Médica. Hospital Pediátrico Carmona da Mota. Centro Hospitalar Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.

Henriqueta Araújo, Centro de Desenvolvimento Luís Borges. Hospital Pediátrico Carmona da Mota. Centro Hospitalar Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.

Fidjy Rodrigues, Serviço de Genética Médica. Hospital Pediátrico Carmona da Mota. Centro Hospitalar Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.

Maria Helena Estêvão, Serviço de Pediatria Médica. Hospital Pediátrico Carmona da Mota. Centro Hospitalar Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.

Lúcia Lacerda, Laboratório de Enzimologia. Centro de Genética Médica. Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. Porto. Portugal.

Luísa Maria Diogo Matos, Centro de Desenvolvimento Luís Borges. Hospital Pediátrico Carmona da Mota. Centro Hospitalar Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.

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Publicado

2013-08-30

Como Citar

1.
Loureiro Neves F, Garcia PC, Madureira N, Araújo H, Rodrigues F, Estêvão MH, Lacerda L, Diogo Matos LM. Doença de Pompe Juvenil: Estudo Retrospetivo de Casuística Clínica. Acta Med Port [Internet]. 30 de Agosto de 2013 [citado 22 de Novembro de 2024];26(4):361-70. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/180

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