Consenso Português para a Identificação Precoce de Esclerose Múltipla Secundária Progressiva: Painel Delphi

Autores

  • Maria José Sá Serviço de Neurologia. Centro Hospitalar e Universitário de São João. Porto.
  • Carlos Basílio Serviço de Neurologia. Centro Hospitalar Universitário do Algarve. Faro.
  • Carlos Capela Serviço de Neurologia. Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central. Lisboa.
  • José João Cerqueira Serviço de Neurologia. Hospital de Braga. Braga.
  • Irene Mendes Serviço de Neurologia. Hospital Garcia de Orta. Almada.
  • Armando Morganho Serviço de Neurologia. Hospital Dr. Nélio Mendonça. Funchal.
  • João Correia de Sá Serviço de Neurologia. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte. Lisboa.
  • Vasco Salgado Serviço de Neurologia. Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca. Amadora.
  • Ana Martins Silva Serviço de Neurologia. Centro Hospitalar Universitário do Porto. Porto.
  • José Vale Serviço de Neurologia. Hospital Beatriz Ângelo. Loures.
  • Lívia Sousa Serviço de Neurologia. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.18543

Palavras-chave:

Consenso, Esclerose Múltipla Crónica Progressiva/diagnóstico, Portugal

Resumo

Introdução: A esclerose múltipla é uma doença de evolução heterogénea. A identificação precoce da forma secundária progressiva é um desafio clínico, carecendo da definição de biomarcadores e ferramentas de diagnóstico aplicáveis na fase de transição da forma surto-remissão para a forma secundária progressiva. Este trabalho teve como objetivo estabelecer um consenso nacional português sobre a monitorização dos doentes e das variáveis clínicas mais relevantes para a identificação precoce da progressão da esclerose múltipla.
Material e Métodos: Um painel Delphi constituído por 11 neurologistas portugueses respondeu a duas rondas de perguntas entre julho e agosto de 2021. Na primeira ronda foram incluídas 39 questões relacionadas com a avaliação funcional, cognitiva, imagiológica, de biomarcadores e outras, e na segunda, as questões para as quais não foi atingido consenso (menos de 80% de concordância) na primeira ronda voltaram a ser submetidas a avaliação pelo painel.
Resultados: A taxa de resposta foi de 100% em ambas as rondas e 33 das 39 questões (84,6%) atingiram concordância. Foi atingido consenso relativamente ao tempo de monitorização dos doentes, às escalas de avaliação a empregar e a variáveis clínicas tais como o grau de atrofia cerebral ou redução da mobilidade, cuja alteração é sugestiva de esclerose múltipla secundária progressiva. Adicionalmente, os dispositivos digitais foram considerados ferramentas com potencial para identificar a progressão da doença. A maioria das questões para as quais não foi obtido consenso dizem respeito à avaliação cognitiva, estando as restantes inseridas nos domínios funcional e imagiológico.
Conclusão: Foi obtido consenso para a determinação do intervalo de monitorização e para a maioria das variáveis clínicas. A maioria das questões sem consenso estavam relacionadas com a confirmação do diagnóstico de progressão tendo em conta apenas um teste/domínio, realçando a natureza multifatorial da esclerose múltipla.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Branco M, Alves I, Martins da Silva A, Pinheiro J, Sá MJ, Correia I, et al. The epidemiology of multiple sclerosis in the entre Douro e Vouga region of northern Portugal: a multisource population-based study. BMC Neurol. 2020;20:195. DOI: https://doi.org/10.1186/s12883-020-01755-8

de Sá J, Alcalde-Cabero E, Almazán-Isla J, Sempere A, de Pedro-Cuesta J. Capture-recapture as a potentially useful procedure for assessing prevalence of multiple sclerosis: methodologic exercise using Portuguese data. Neuroepidemiology. 2012;38:209-16. DOI: https://doi.org/10.1159/000337534

De Sá J, Paulos A, Mendes H, Becho J, Marques J, Roxo J. The prevalence of multiple sclerosis in the District of Santarém, Portugal. J Neurol. 2006;253:914-18. DOI: https://doi.org/10.1007/s00415-006-0132-0

Figueiredo J, Silva Â, Cerqueira JJ, Fonseca J, Pereira PA. MS prevalence and patients’ characteristics in the District of Braga, Portugal. Neurol Res Int. 2015;2015:895163. DOI: https://doi.org/10.1155/2015/895163

Lopes P, Martins A, Lopes J. Incidence, prevalence and characteristics of MS in São Miguel, an island in the Atlantic. Mult Scler Relat Disord. 2020;44:102254. DOI: https://doi.org/10.1016/j.msard.2020.102254

Scott LJ. Siponimod: a review in secondary progressive multiple sclerosis. CNS Drugs. 2020;34:1191-200. DOI: https://doi.org/10.1007/s40263-020-00771-z

Walton C, King R, Rechtman L, Kaye W, Leray E, Marrie RA, et al. Rising prevalence of multiple sclerosis worldwide: insights from the Atlas of MS, third edition. Mult Scler. 2020;26:1816-21. DOI: https://doi.org/10.1177/1352458520970841

Sá MJ, Sequeira L, Ferro D, Marcolino A, Rocha AL, Seabra M, et al. Natural history of relapsing remitting multiple sclerosis in a long-lasting cohort from a tertiary MS centre in Portugal. Mult Scler Relat Disord. 2021;54:103091. DOI: https://doi.org/10.1016/j.msard.2021.103091

Sá MJ. Physiopathology of symptoms and signs in multiple sclerosis. Arq Neuropsiquiatr. 2012;70:733-40. DOI: https://doi.org/10.1590/S0004-282X2012000900016

Carlsson H, Abujrais S, Herman S, Khoonsari PE, Åkerfeldt T, Svenningsson A, et al. Targeted metabolomics of CSF in healthy individuals and patients with secondary progressive multiple sclerosis using high-resolution mass spectrometry. Metabolomics. 2020;16:26. DOI: https://doi.org/10.1007/s11306-020-1648-5

Inojosa H, Proschmann U, Akgün K, Ziemssen T. A focus on secondary progressive multiple sclerosis (SPMS): challenges in diagnosis and definition. J Neurol. 2021;268:1210-21. DOI: https://doi.org/10.1007/s00415-019-09489-5

Seccia R, Romano S, Salvetti M, Crisanti A, Palagi L, Grassi F. Machine learning use for prognostic purposes in multiple sclerosis. Life. 2021;11:122. DOI: https://doi.org/10.3390/life11020122

Oh J, Alikhani K, Bruno T, Devonshire V, Giacomini PS, Giuliani F, et al. Diagnosis and management of secondary-progressive multiple sclerosis: time for change. Neurodegener Dis Manag. 2019;9:301-17. DOI: https://doi.org/10.2217/nmt-2019-0024

Jones J, Hunter D. Consensus methods for medical and health services research. BMJ. 1995;311:376-80. DOI: https://doi.org/10.1136/bmj.311.7001.376

Lallana JM, Casanova B, Rodriguez-Antiguedad A, Eichau S, Izquierdo G, Durán C, et al. Consensus on early detection of disease progression in patients with multiple sclerosis. Front Neurol. 2022;13:931014. DOI: https://doi.org/10.3389/fneur.2022.931014

Katz Sand I, Krieger S, Farrell C, Miller AE. Diagnostic uncertainty during the transition to secondary progressive multiple sclerosis. Mult Scler. 2014;20:1654-7. DOI: https://doi.org/10.1177/1352458514521517

Meyer-Moock S, Feng YS, Maeurer M, Dippel FW, Kohlmann T. Systematic literature review and validity evaluation of the Expanded Disability Status Scale (EDSS) and the Multiple Sclerosis Functional Composite (MSFC) in patients with multiple sclerosis. BMC Neurol. 2014;14:58. DOI: https://doi.org/10.1186/1471-2377-14-58

Meca-Lallana V, Berenguer-Ruiz L, Carreres-Polo J, Eichau-Madueño S, Ferrer-Lozano J, Forero L, et al. Deciphering multiple sclerosis progression. Front Neurol. 2021;12. DOI: https://doi.org/10.3389/fneur.2021.608491

Lorscheider J, Buzzard K, Jokubaitis V, Spelman T, Havrdova E, Horakova D, et al. Defining secondary progressive multiple sclerosis. Brain. 2016;139:2395-405. DOI: https://doi.org/10.1093/brain/aww173

Fambiatos A, Jokubaitis V, Horakova D, Kubala Havrdova E, Trojano M, Prat A, et al. Risk of secondary progressive multiple sclerosis: a longitudinal study. Mult Scler. 2020;26:79-90. DOI: https://doi.org/10.1177/1352458519868990

Halabchi F, Alizadeh Z, Sahraian MA, Abolhasani M. Exercise prescription for patients with multiple sclerosis; potential benefits and practical recommendations. BMC Neurol. 2017;17:185. DOI: https://doi.org/10.1186/s12883-017-0960-9

Macías Islas MÁ, Ciampi E. Assessment and impact of cognitive impairment in multiple sclerosis: an overview. Biomedicines. 2019;7:22. DOI: https://doi.org/10.3390/biomedicines7010022

DiGiuseppe G, Blair M, Morrow SA. Short report: prevalence of cognitive impairment in newly diagnosed relapsing-remitting multiple sclerosis. Int J MS Care. 2018;20:153-7. DOI: https://doi.org/10.7224/1537-2073.2017-029

Sumowski JF, Chiaravalloti N, Leavitt VM, Deluca J. Cognitive reserve in secondary progressive multiple sclerosis. Mult Scler. 2012;18:1454-8. DOI: https://doi.org/10.1177/1352458512440205

Benedict RH, DeLuca J, Phillips G, LaRocca N, Hudson LD, Rudick R. Validity of the Symbol Digit Modalities Test as a cognition performance outcome measure for multiple sclerosis. Mult Scler. 2017;23:721-33. DOI: https://doi.org/10.1177/1352458517690821

Koch MW, Mostert J, Repovic P, Bowen JD, Uitdehaag B, Cutter G. Is the Symbol Digit Modalities Test a useful outcome in secondary progressive multiple sclerosis? Eur J Neurol. 2021;28:2115-20. DOI: https://doi.org/10.1111/ene.14732

Benedict RH, Tomic D, Cree BA, Fox R, Giovannoni G, Bar-Or A, et al. Siponimod and cognition in secondary progressive multiple sclerosis. EXPAND secondary analyses. Neurology. 2021;96:e376-86. DOI: https://doi.org/10.1212/WNL.0000000000011275

Langdon DW, Amato MP, Boringa J, Brochet B, Foley F, Fredrikson S, et al. Recommendations for a Brief International Cognitive Assessment for Multiple Sclerosis (BICAMS). Mult Scler. 2012;18:891-8. DOI: https://doi.org/10.1177/1352458511431076

Genovese AV, Hagemeier J, Bergsland N, Jakimovski D, Dwyer MG, Ramasamy DP, et al. Atrophied brain T2 lesion volume at MRI is associated with disability progression and conversion to secondary progressive multiple sclerosis. Radiology. 2019;293:424-33. DOI: https://doi.org/10.1148/radiol.2019190306

Ziemssen T, Tolley C, Bennett B, Kilgariff S, Jones E, Pike J, et al. A mixed methods approach towards understanding key disease characteristics associated with the progression from RRMS to SPMS: physicians’ and patients’ views. Mult Scler Relat Disord. 2020;38:101861. DOI: https://doi.org/10.1016/j.msard.2019.101861

Trip SA, Miller DH. Imaging in multiple sclerosis. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2005;76:iii11-8. DOI: https://doi.org/10.1136/jnnp.2005.073213

Cantó E, Barro C, Zhao C, Caillier SJ, Michalak Z, Bove R, et al. Association between serum neurofilament light chain levels and long-term disease course among patients with multiple sclerosis followed up for 12 years. JAMA Neurol. 2019;76:1359-66. DOI: https://doi.org/10.1001/jamaneurol.2019.2137

Mattioli F, Bellomi F, Stampatori C, Mariotto S, Ferrari S, Monaco S, et al. Longitudinal serum neurofilament light chain (sNfL) concentration relates to cognitive function in multiple sclerosis patients. J Neurol. 2020;267:2245-51. DOI: https://doi.org/10.1007/s00415-020-09832-1

Leppert D, Kropshofer H, Häring DA, Dahlke F, Patil A, Meinert R, et al. Blood neurofilament light in progressive multiple sclerosis: post hoc analysis of 2 randomized controlled trials. Neurology. 2022;98:e2120-31. DOI: https://doi.org/10.1212/WNL.0000000000200258

Hanson JV, Lukas SC, Pless M, Schippling S. Optical coherence tomography in multiple sclerosis. Semin Neurol. 2016;36:177-84. DOI: https://doi.org/10.1055/s-0036-1582226

Sá MJ. Psychological aspects of multiple sclerosis. Clin Neurol Neurosurg. 2008;110:868-77. DOI: https://doi.org/10.1016/j.clineuro.2007.10.001

Publicado

2023-02-03

Como Citar

1.
Sá MJ, Basílio C, Capela C, Cerqueira JJ, Mendes I, Morganho A, Correia de Sá J, Salgado V, Martins Silva A, Vale J, Sousa L. Consenso Português para a Identificação Precoce de Esclerose Múltipla Secundária Progressiva: Painel Delphi. Acta Med Port [Internet]. 3 de Fevereiro de 2023 [citado 30 de Junho de 2024];36(3):167-73. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/18543

Edição

Secção

Original