Neovagina na Síndrome Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser (MRKH): Vaginoplastia Com Segmento Ileal Sem Pedículo
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.18563Palavras-chave:
Procedimentos Cirúrgicos Reconstrutivos, Transtornos 46, XX do Desenvolvimento Sexual/cirurgia, Vagina/cirurgiaResumo
Introdução: O tratamento cirúrgico de doentes com malformações do trato genital feminino é um problema complexo. Existem diferentes técnicas descritas na literatura cujo objetivo é a reconstrução de uma neovagina anatomicamente semelhante a uma vagina, com comprimento adequado para facilitar o funcionamento sexual e o menor risco de complicações possíveis. O objetivo deste estudo é descrever a técnica cirúrgica para reconstrução de uma neovagina a partir de um segmento ileal sem pedículo vascular.
Material e Métodos: Apresentamos uma técnica cirúrgica desenvolvida num centro universitário terciário numa doente com síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser.
Resultados: A cirurgia de vaginoplastia com segmento ileal foi realizada em três etapas. Na primeira etapa de intervenção foi realizada uma histerectomia laparoscópica com salpingectomia bilateral. A segunda etapa consistiu no isolamento do segmento ileal, anastomose ileal e preparação do segmento ileal. De seguida, o segmento ileal isolado foi reposicionado num molde de vagina para configurar a neovagina. Finalmente, a terceira etapa incluiu a adaptação do molde vaginal com a mucosa ileal ao espaço vesico-rectal.
Conclusão: A vaginoplastia com segmento ileal sem pedículo vascular é uma opção que pode ser utilizada para reconstrução da vagina, pois proporciona um excelente tecido para reposição vaginal. Esta técnica pode ser utilizada em doentes com malformações do trato genital com ausência ou hipoplasia da vagina.
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