A Resposta Portuguesa na Síndrome Coronária Aguda durante a Primeira Onda da Pandemia de COVID-19

Autores

  • Helder Santos Serviço de Cardiologia. Centro Hospitalar Barreiro-Montijo. Barreiro. https://orcid.org/0000-0002-5785-0124
  • Mariana Santos Serviço de Cardiologia. Centro Hospitalar Barreiro-Montijo. Barreiro.
  • Sofia B. Paula Serviço de Cardiologia. Centro Hospitalar Barreiro-Montijo. Barreiro.
  • Inês Almeida Serviço de Cardiologia. Hospital de Santa Marta. Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central. Lisboa.
  • Samuel Almeida Serviço de Cardiologia. Centro Hospitalar Barreiro-Montijo. Barreiro.
  • Lurdes Almeida Serviço de Cardiologia. Centro Hospitalar Barreiro-Montijo. Barreiro.
  • on behalf of the Portuguese Registry of Acute Coronary Syndromes

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.18610

Palavras-chave:

COVID-19, Pandemia, Portugal, SARS-CoV-2, Síndrome Coronária Aguda

Resumo

Introdução: O severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2) condicionou drásticas alterações nas instituições de saúde e assistência médica. Doenças não relacionadas com SARS-CoV-2 foram indiretamente afetadas pela pandemia, apesar de o seu tratamento se manter fundamental. As doenças cardiovasculares, como a síndrome coronária aguda (SCA), são prevalentes e foi necessário adaptar a assistência a estas doença durante a pandemia. Este estudo tem como objetivo avaliar o impacto nacional e a resposta das instituições de saúde durante a primeira onda da pandemia em doentes admitidos por SCA.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo multicêntrico com dados do Registo Nacional Português de síndrome coronária aguda entre 1 de janeiro de 2016 e 28 de fevereiro de 2021. Foram definidos dois grupos: o ano anterior ao ano da pandemia (março, abril, maio e junho 2019) (952 doentes) e a primeira onda da pandemia (março, abril, maio e junho 2020) (642 doentes). Características clínicas, tempo até à reperfusão, complicações intra-hospitalares e seguimento a um ano foram comparados entre os dois períodos.
Resultados: Nos meses de 2020 registou-se uma menor incidência de SCA comparando com o mesmo período em 2019, com uma redução de 32,6%. Não se registaram diferenças estatisticamente significativas entre os dois períodos temporais no que diz respeito às características demográficas e clínicas (exceto pela maior prevalência de doença cardiovascular familiar e doença pulmonar obstrutiva crónica em 2020, e maior prevalência de diabetes em 2019), abordagem clínica, complicações intra-hospitalares e mortalidade e readmissão durante o seguimento a um ano. Verificou-se uma tendência para um atraso até à reperfusão, sem significância estatística. Os doentes com SCA durante a pandemia foram menos referenciados para centros com intervenção coronária percutânea (p = 0,034) e foram mais frequentemente transferidos para outro hospital (p < 0,001).
Conclusão: Durante a primeira onda da pandemia de COVID-19 registou-se uma redução nas hospitalizações por SCA. O sistema nacional de saúde português esteve sob pressão e stresse para prestar assistência durante a pandemia. No entanto foi capaz de fornecer uma resposta adequada aos doentes admitidos por SCA.

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Biografia Autor

Helder Santos , Serviço de Cardiologia. Centro Hospitalar Barreiro-Montijo. Barreiro.

Cardiology Department, Centro Hospitalar Barreiro Montijo E.P.E., Barreiro, Portugal.

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Publicado

2022-10-19

Como Citar

1.
Santos H, Santos M, B. Paula S, Almeida I, Almeida S, Almeida L, Portuguese Registry of Acute Coronary Syndromes on behalf of the. A Resposta Portuguesa na Síndrome Coronária Aguda durante a Primeira Onda da Pandemia de COVID-19. Acta Med Port [Internet]. 19 de Outubro de 2022 [citado 22 de Novembro de 2024];35(12):891-8. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/18610

Edição

Secção

Original