A Resposta Portuguesa na Síndrome Coronária Aguda durante a Primeira Onda da Pandemia de COVID-19
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.18610Palavras-chave:
COVID-19, Pandemia, Portugal, SARS-CoV-2, Síndrome Coronária AgudaResumo
Introdução: O severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2) condicionou drásticas alterações nas instituições de saúde e assistência médica. Doenças não relacionadas com SARS-CoV-2 foram indiretamente afetadas pela pandemia, apesar de o seu tratamento se manter fundamental. As doenças cardiovasculares, como a síndrome coronária aguda (SCA), são prevalentes e foi necessário adaptar a assistência a estas doença durante a pandemia. Este estudo tem como objetivo avaliar o impacto nacional e a resposta das instituições de saúde durante a primeira onda da pandemia em doentes admitidos por SCA.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo multicêntrico com dados do Registo Nacional Português de síndrome coronária aguda entre 1 de janeiro de 2016 e 28 de fevereiro de 2021. Foram definidos dois grupos: o ano anterior ao ano da pandemia (março, abril, maio e junho 2019) (952 doentes) e a primeira onda da pandemia (março, abril, maio e junho 2020) (642 doentes). Características clínicas, tempo até à reperfusão, complicações intra-hospitalares e seguimento a um ano foram comparados entre os dois períodos.
Resultados: Nos meses de 2020 registou-se uma menor incidência de SCA comparando com o mesmo período em 2019, com uma redução de 32,6%. Não se registaram diferenças estatisticamente significativas entre os dois períodos temporais no que diz respeito às características demográficas e clínicas (exceto pela maior prevalência de doença cardiovascular familiar e doença pulmonar obstrutiva crónica em 2020, e maior prevalência de diabetes em 2019), abordagem clínica, complicações intra-hospitalares e mortalidade e readmissão durante o seguimento a um ano. Verificou-se uma tendência para um atraso até à reperfusão, sem significância estatística. Os doentes com SCA durante a pandemia foram menos referenciados para centros com intervenção coronária percutânea (p = 0,034) e foram mais frequentemente transferidos para outro hospital (p < 0,001).
Conclusão: Durante a primeira onda da pandemia de COVID-19 registou-se uma redução nas hospitalizações por SCA. O sistema nacional de saúde português esteve sob pressão e stresse para prestar assistência durante a pandemia. No entanto foi capaz de fornecer uma resposta adequada aos doentes admitidos por SCA.
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